segunda-feira, 21 de julho de 2014

Borboleta Folha Morta

Parece morta, mas foi sempre assim.
 Não bastava ter sido lagarta.
 Nasceu morta.
 Folha morta. Borboleta Folha Morta.
Toda borboleta nasce lagarta,
 Morre crisálida,
 Renasce  borboleta.
 Esta.
 Borboleta Folha... Morta.
 Como uma folha seca e torta,
 Mas que não caía, pousava.
 E mesmo contra o vento, se quisesse, voava.
 E se parar o tempo quisesse, planava.

Veio parar em frente à minha porta.
 A borboleta folha morta.
 Voou e se escondeu em minha horta,
 E deixou seus ovinhos no meu jardim.
 Quando eu saía, voava atrás de mim.
 Como se fosse uma fada feia,
 Faca, que mesmo enferrujada, corta.

 A borboleta folha morta.
 Na leveza do seu não viver.
 Me lembrava a cada entardecer
 Que a vida é curta e não tem volta.
 Que a aparência não nos mostra,
 Que a existência nos revolta,
 Que as vezes a vida é de lagarta
 À borboleta folha morta
 Morta.
(Sob o interior das asas monocromáticas de folha, há tantas cores que não se mostram, que ninguém imagina que por dentro da folha morta haja tanta beleza... )

Nenhum comentário:

Postar um comentário