quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

O QUE SE PODE FAZER NO FACEBOOK? ISSO...

Hoje passei por outra na rua. Fui almoçar num self service, muito bom por sinal, no catete. Quando entro na fila, vejo um casal de homens brancos entre 40 e 50 anos discutindo com uma mulher negra e mais nova, com uniforme de garçonete de lanchonete, ou algo assim, mas que estava ali fazendo sua quentinha também. Ela reclamava que os senhores haviam furado a fila dela, e que ela teria agora que esperar injustamente pra terminar sua quentinha na fila, não por uma mas pelas duas pessoas. os senhores a tratavam com desprezo e ameaçavam de chamar a polícia, mostrando claro preconceito racial. Pois porque ela deveria temer a policia, se era trabalhadora e apenas exigia seu direito a democracia que deveria haver numa fila? Ela já estava avisando que ele tomasse cuidado com o que falava , pois se ele a ofendesse tinha testemunhas, e que não tinha medo da polícia pois não fez nada errado.
Foi quando um dos senhores num arroubo a chamou de retardada. Daí, ele me chamou na conversa, pois eu sou doente mental , e se ele estava sendo cuidadoso com o racismo que estampava, não teve o mesmo cuidado com os deficientes mentais. 
"Meu senhor, eu sou doente mental e o senhor acabou de me ofender com o que disse, não tenho nada com a briga , mas seu preconceito está pegando em mais gente do que o senhor pensa." (até porque sou filho de negro, afrodecendente-latino e com muito orgulho, e estava odiando o tratamento que eles estava dando pra mulher) 
O gerente do lugar veio, e mandou o casal, que aparentava ser de homossexuais, a terminar de se servir e ir se sentar, pois ele tbm vira que a menina tinha sofrido preconceito, então não falou nada com a menina. mas a menina então se sentindo protegida vira pro casal e solta: "Antes de falar comigo , vira homem!!!"
E aí minha esperança na humanidade ficou pequenininha...
Sentei e comi, mas comentei a cena com a minha esposa.
Como podem as pessoas que sofrem preconceito acharem que vão consolidar direitos se usam os motivos e perseguição e vulnerabilidade sociais uns dos outros como forma normal de expressão, e como defesa contra o preconceito que sofrem. 
Como acham que isso vai dar certo?
Gays com preconceitos contra negros ( e doentes mentais), negros com preconceitos contra gays, e assim por diante? 
Se as pessoas com menor acesso as direitos humanos universais não se unirem e todos nós não nos educarmos, vamos continuar caminhando pro ‪#‎mundofudido‬
Na saída o gerente do lugar me pediu desculpas pelo ocorrido. respondi que a culpa não é dele pela má educação da população, e que a responsabilidade é de todos nós. 
E saí com minha esperança na humanidade crescendo de novo... Rumo ao ‪#‎mundofeliz‬, sempre!!! Emoticon like

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

A vingança é doce e fria.

Ele se arrastava pela cozinha.
 Sujo e com uma camiseta do tipo regata, que um dia já fora branca, mas agora tinha cor de algo parecido com um coador de café usado, com manchas de cores escuras e outras desbotadas. Já tinha, a tal peça de roupa, aqueles esgarçados de tecido nas pontas laterais das bainhas, denotando uso para limpar o nariz, as orelhas, ou mesmo os vãos dos dedos dos pés, quando chegava em casa de comprar os pães. Ainda suado, e retirando a roupa de sair, um pouco menos suja, e vestindo novamente a estranha noção de conforto que tinha,  percebia que o pé havia ficado pegado de poeira, onde as tiras da sandália escorregavam, ali as bainhas da camiseta se encaixavam, encurvando-se, o ser, sobre as próprias pernas e se abaixando, deixando aparecer as costas peludas.
 Vestia também uma cueca tipo sunga, de elásticos frouxos, que não descreverei a pormenores apenas por que não quero que abandonem a história antes do fim.
 O banho nem sempre era possível, por conta do racionamento, normalmente causado pelas obras do sistema Imunana-Laranjal, que sempre tinha dificuldade de suprir o abastecimento de sua região. (Mas estranhamente , para os ricos  nunca faltava água nas piscinas. ) E então  se banhava quase sempre quando havia água e coincidisse com seu horário flutuante de trabalho, que era como chamava o ofício de vender revistas e livros velhos e mal conservados, nas calçadas do outro lado da poça. Exceto quando não tinha dinheiro para duas passagens, pois aí ficava por Niterói mesmo. Não gostava mesmo de banho. Dizia gastar luz, água, sabão, e pele. E que já que não se movia muito, não necessitava disso todo dia, nem toda semana.
 Sua quitinete, sem que percebesse , se tornara em um reflexo dos seus hábitos de higiene. Tinha roupas por todo lado penduradas. Todas sujas, ou parecendo sujas, ou cheirando com se estivessem sujas. E aquelas que deveriam estar perto , mas não se viam, apenas se sentia o cheiro de roupa suja por ali. Costumava escondê-las muito no sofá, embaixo das almofadas, por causa da pressa, caso chegasse alguém. O que era raro, pois seus amigos costumava ir lá apenas uma vez. Depois pegavam nojo, e com certa razão. Alegavam legítima defesa da própria saúde e olfato.
 Todas as vasilhas que jaziam abandonadas na pia e em todas parte, continham restos mais recentes ou mais embolorados de comida. E comida é algo que nosso amigo gostava muito. Sempre muito molho. Sempre muito açúcar.
 Açúcar, molho, desleixo, e algo entre má sorte e tendência ao desastre, faziam que sempre um respingo, ou muitos grãos do que quer que fosse, ficasse sempre no sofá, no chão, na mesinha e na pia da cozinha. E é claro, principalmente ao redor do refrigerador e no fogão, este era o que mais lembrava uma figura dantesca.
 Pagava o aluguel para um, mas morava com um batalhão, o qual não sabia onde era o quartel general, as baratas cascudas, e seu ninho imortal e oculto.
 Não tinha mais sossego. De noite ou de dia, era surpreendido pela companhia repugnante, mesmo para ele, da população de francesinhas e também de suas irmãs maiores, as voadoras peludas. Um verdadeiro terror.
 Decidiu voltar a viver sozinho. E para isso comprou latas e mais latas de inseticida em aerosol. Não era muito eficiente, pois matava apenas se o produto fosse borrifado diretamente sobre o inseto.
 Já experimentara fechar a casa toda fechada e com latas inteiras em jatos de spray, e com máscara de gás e tudo mais! E depois corria para  fora, para não morrer junto com o inimigo. E Esperava horas do lado de fora. De roupão, calça de pijama, e a velha camiseta cor-de-coador de café usado, com a máscara de gás na cabeça. Ele tinha cabelos meio desgrenhados e uma calva que subia pela lateral, raleando os cabelos, escapando pelo alto das tiras da máscara de gás. Digno de um filme de zoombie. Fumando um cigarro. Como se fosse um veneno certo pra cada um.
 Mas de nada adiantou. Quando entrou no apê, viu muitos cadáveres espalhados por todo o chão. Mas, saindo de um dos espelhos das tomadas da casa, solto, de lado, logo acima da pia, uma francesinha saiu e lhe deu a bofetada: Ainda estamos aqui! Resistiremos!
 Era sua estranha contradição. Nosso herói de apartamento desejava se ver livre das baratas, mas não pretendia manter a casa limpa afim de não atraí-las. Simplesmente não ligava uma coisa à outra. Achava que as baratas tinham que respeitar seu direito a sujeira individual.
 Sentado na poltrona suja, olhando um dos cadáveres perto e outra que passeava junto a parede, triste, de repente levantou os olhos e viu uma propaganda salvadora! Um comercial de um super "barata-mega--killer- ultra", que prometia ser o fim dos parasitas de apartamento, "com aplicação única e garantia de sucesso!". Só não voou para o mercadinho porque não era uma barata, como a que ficou olhando para a TV, depois que o morador alfa saiu. Os olhinhos da barata pareciam ver o terror que aquilo causaria aos seus bravos ocupantes clandestinos.
 Ao chegar em casa já estava meio escuro, e como havia lâmpadas queimadas há muito tempo, não dava pra enxergar direito. Mas estava decidido a cumprir  sua missão antes de dormir. "Nem mais uma noite sendo surpreendido por elas!" -pensava.
 Tirou a calça de ir na rua,  vestiu apenas a camiseta-café-velho e ficou de sunga mesmo, já ia dormir depois. Sem banho , é claro. "Nem tem água..." -dizia, fazendo um muxoxo.
 Com algumas bisnaguinhas de um veneno pegajoso, que parecia com doce de leite, ao sair da ponta do aplicador,  ele se arrastava pelos cantos da cozinha.
 Colocando pra esquentar um café velho, numa leiteira suja, olhou para baixo da mesa e reconheceu um dos maldito inimigos de sua paz. Uma barata grande e cascuda, com antenas esplêndidas, asas transparentes mas grossas, e os pés peludos e sujos, saindo pelos lados do corpo em seis direções.
 Tacou-lhe o chinelo de tiras em cima. Claro que não morreu. Um monstro daqueles só poderia ser morto com o barata-mega-killer-ultra!!!
 Se abaixou com a bisnaguinha na mão e derramou uma quantidade absurda, fazendo uma espiral assassina do creminho marrom nas costas da pobre anciã, que imediatamente ficou imóvel, apenas tremilicando uma das pernas, acusando que logo logo não mais se moveria.
 Nosso anfitrião ficou satisfeito. Já havia matado baratas de modos violentos e até cruéis, para descontar a raiva. Mas era a primeira vez que sentia alívio com isso.
 Pegou o café requentado e serviu numa caneca , que tinha uma trilha de açúcar seco que subia do fundo, por ter ficado dias tombada de lado na pia. A água sozinha não tira isso, precisaria esfregar. O rapaz nunca usava a bucha com detergente, se não fosse uma ocasião muito especial, ou seja, aquelas  improváveis visitas. Pegou do jeito que tava , jogou o café dentro, e foi andando pra frente da TV.
 Só assistia programas com muita violência ou com muito sexo, e, quando começava, não tirava mais os olhos da tela. Assim distraído, não viu que a barata cascuda voltara a se mover, contornando a parede por trás dele e subindo na poltrona pela parte de trás do braço onde estava a caneca.
 Lenta e cambaleante, a heroína das Blattarias, escalou o sofá e se encaminhou para a caneca. Talvez pelo cheiro do café doce e morno, talvez pelo desejo suicida de vingança, ou ainda pelo senso de dever para com o planeta e as duas raças em questão; Blattaria e Homo Sapiens, que pelo ser asqueroso e cruel eram ofendidas.  Estranhamente não abriu as asas nem sacudiu o veneno, mas aproveitando-se de que o nosso sujo amigo se abaixou para pegar o controle remoto, e limpar os dedos do pé com a camiseta, se jogou para dentro da caneca, com o veneno dando voltas em suas costas, e afundou.
 Ele mudou o canal para um filme pornô, pegou a caneca e mexeu o café, com tudo dentro. Mas em aparecendo uma daquelas mulheres estufadas pelos modernos avanços da cirurgia plástica, colocou a caneca de novo sobre o braço do sofá, sem ao menos olhar para dentro dela.
 E foi aí, que nossa heroína conseguiu, escalando pelo açúcar cristalizado, escapar da caneca para o chão ensebado. "Que dia maravilhoso!"
 Sem perceber, ele virou um grande gole do café, já quase frio. Pousou  caneca e achou o café horrível, mas estava mais interessado em concluir o ritual que sempre vinha após o pornô.
 Quando ia colocar as mãos na cueca suja, que pouco se avolumava pela excitação, sentiu o formigar da boca, seguido pelo queimar da garganta., e ao tentar se levantar, percebeu que não conseguia respirar.
 Agonizou, sentindo dor e falta de ar. Ânsia de vômito e dores intestinais. Vomitando e enchendo as cuecas.
 Caiu na frente da TV, na hora da tomada final da cena do filme. A mulher lambuzada na tela, ele no chão. A caneca junto. O café frio ao chão.
  Na medida em que a poça de café se espalhava e chegava ao aparato bucal da já quasse imóvel barata vingadora, toda cena, do apartamento sujo ao cadáver de seu inquilino, era refletida na poça de vômito de café, no fundo de açúcar cristalizado da caneca suja, e no pequeno e estático olho da sobrevivente. Que sorvendo o líquido viscoso parecia sorrir  e pensar, em seu momento final:
 "A vingança é mesmo doce e tomada fria."

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Quem aprendeu

Quem aprendeu sabe,
Que a vida é feita de experiências ,
Que estão sempre além da aparência.
E é bela,
Aí.

Amanhã

O que fazemos hoje é visto a duzentos e sessenta milhões de anos , no futuro, e a 65 milhões de anos luz, por nossos descendentes. Gostaria de poder me comportar melhor...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Não valeu.

Não existe beleza física que valha mais que boas memórias.
É e só aí, que o bonito fica feio, e o feio, bonito.
Pra sempre.
Uma bela e eterna lembrança,
 Ou um pesadelo que aconteceu dentro de qualquer beleza externa,
 Que felizmente ficou só na memória.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Centros Maiores

 Pois os universos tem seus centros, e nenhum deles carece de nossos egos para atrair, repelir , ou ditar como andarão as coisas por aí...

sábado, 19 de dezembro de 2015

O amor, a fé e os deuses

Observo a vida e o amor.
As vezes se comportam como a fé e os deuses.
Quando você definitivamente não os crê,
Desfilam, belos e te dando piscadelas,
                                                  e até beijos.
Quando duvidas deles,
Se afirmam
 Em cada atitude.
Quando os questiona,
Se mostram ofendidos,
                     Constrangem a crê-los
Porém quando confias neles,
"Com fé, esperança e amor",
   desaparecem
Para que te lembres
                     que foi tudo um delírio.
E então,
       de volta ao desfile dos deuses.

Mesmo.

Faça o que é certo , mesmo se isso for errado. Faça o errado mesmo que isso seja o certo. Faça o que for, mesmo que certo ou errado é... Faça mesmo, que errado é o que for. Faça, se isso, que isso, que é. Certo, errado? Faça.

sOBRE O QUE SE DEVE ADMITIR SEMPRE

nenhum mortal pode negar fome ou medo. ele deve tranquilizá~los, suprindo seus desejos próprios de alimento e segurança. negá-los só faria com que crescessem .

domingo, 6 de dezembro de 2015

Aqui não tem fila

Nunca há um prêmio no fim da fila.

Na Terra

Na Terra as pessoas são feias, pois não querem sequer admitir quais são seus pontos fracos e trabalhá-los, e só se preocupam com a beleza do corpo, e não da mente.
 No mundofeliz a beleza só é se for integral. Meio feio, nunca chega a ser bonito. E viola com com cheiro de pão bolorento, não rola.
 Ninguém no mundofeliz é julgado bonito só de olhar o corpo Todos antes de dizer feio ou bonito observam um pouco mais. Todos sabem que a beleza de dentro é tímida e se esconde. Que devem esperar um pouco pra ver se ela está mesmo lá, ou se é só uma pessoa meio bonita, bonita só por fora, meio feia, por dentro. E mesmo se a pessoa for meio feia por fora, no mundofeliz, o meio feio por fora, já é bonito, se tiver beleza por dentro.
 É simples. Gente bonita dá gosto de ficar por perto. A gente fica se sentindo bem, mesmo sendo mais feio que ela, a gente sabe que ela é mais bonita, mas não fica com inveja. A gente sabe que ela merece o bem.
Na Terra a maioria nos deixa com uma terrível impressão quando saem de perto. E gostar menos até da gente, da realidade, e até da vida... Mas se acham bonitos.
 Enquanto Eco ri:
- Eles pensam que são Narciso, que é o único por quem choro.- Pensa sem poder dizer, enquanto repete o riso do amado.
 Mas eu, choro pela humanidade e sua feiura terráquea de mundofudido. E, infelizmente, pra isso não há eco algum...

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

PRUDÊNCIA

O ESTUPIDO CHAMA O PRECAVIDO DE EXAGERADO, AO SUBESTIMAR OS RISCOS.

domingo, 22 de novembro de 2015

APOCALIPSE

Para o peixe, todo pescador é um demônio extraterrestre, e o rompimento da barragem da mineradora , um apocalipse divino.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Não Vale

A Vale Matou O Rio Doce.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

sonhos (post de facebook,gora to nessa onda de post de facebook cru)

Quando vc sonha com uma coisa ou pessoa que vc já viu, é normal. Tinha essa imagem no arquivo. Ela servia pra completar algum anseio que vc tinha. A construção em imagem do anseio se constrói sobre ela. Não é pra ddesejar nem rejeitar a imagem. È pra vc entender, aceitar, potencializar ou modificar o curso do sua ânsia, através de suas ações reflexões(ou meditações). As vezes pensamos que a natureza repousa, mas as reações estão acontecendo. Num nível além da percepção, ela continua trabalhando...

sábado, 3 de outubro de 2015

O peso.

-Como estamos?- Perguntou o capitão ao imediato.
-Estamos vencendo, mas arrastando um pouco por causa do Peso.
-Diabos!- Praguejou - Aquele porco só quer comer dormir e pensar!!! Não jejua, medita pouco, e não se mexe !!! O que fazer com "isso"?
Peso era o marujo mais raso da nave. No sistema de disciplina que era aquele lugar, o mérito e posto era dado por cumprir regiamente estatutos e  procedimentos, que levam ao exercício e à dieta. Causando uma tripulação de pessoas fortes e leves. O barco voava mais rápido, e como todos estavam sempre em seu lugar também havia um equilíbrio natural no navio.
Todos, menos o Peso. Peso havia recebido esse nome ao embarcar porque estava um pouco acima do peso normal, mas por causa da ordem local, todos achavam que ele perderia peso logo, e seria útil, pois era muito inteligente. Mas a cada dia que passava, Peso ao invés de assimilar o movimento e fluir com ele, parava em cada seção do navio onde ia. Parava, conversava, comia, pedia licença e tirava um cochilo. Todos gostavam de conversar com ele, pois ele realmente gostava de aprender um pouco do que cada um estava fazendo, e falar do que ele fazia, e de coisas boas que tinha visto no resto do navio. Sua intenção era pura, e fazia sorrir a todos com seus pensamentos felizes a respeito da nave , e da realidade.
 O problema é que isso fazia que a seção do navio onde ele estivesse, perdesse um pouco do equilíbrio, pela lentidão que se verificava, quando trabalhavam conversando com o Peso, e segundo os supersticiosos, por causa do peso de sua barriga. Após muitas vezes ser mudado de seção , e se verificar que onde estivesse, o Peso faria uma diferença negativa, construíram num pequeno escaler, um cômodo separado da nave, e içado por uma corda. Que navegava se arrastando nas nuvens de aurora boreal\austral que cobriam o limite da linha de navegação espacial.
 Peso não ligava, e até gostava dali. O mar de nuvens de aurora de perto era lindo, e seu pequeno barco deixava um rastro de vazio e escuridão em sua superfície. Os supersticiosos achavam aquilo horrível, pois consideravam que olhar muito para baixo do limite das nuvens podia causar um naufrágio. E uma aterrissagem forçada é tudo que ninguém quer nem pensar numa nave espacial. Mesmo a lembrança da sensação de gravidade de reentrada deixava os mais sensíveis enjoados e com medo, e era sempre um momento crítico. Mas Peso não era supersticioso, o que também era uma característica única que possuía naquela tripulação , e até gostava de ficar horas observando as luzes artificiais, lá embaixo, por horas as fio, em suas muitas noites solitárias. Vivia o claustro, mas não sofria a pena. Antes a desfrutava como se fosse uma grande sorte, e sorria, como sempre.
 Não se lembrava do porque subira naquele navio. O que o atraíra naquele universo tão diferente de si. Mas não sentia pena de si mesmo por estar ali. Não tentava fugir, nem se adaptar ao  sistema da nave, visando subir de posto até o observatório, e depois os postos de comando como todos faziam. Parecia intuir que aquilo tudo era vão, mesmo sem pensar a respeito.
_ Como está o segundo colocado?- Quis saber o capitão.
-Continua girando sem parar para a direita! Como um parafuso!  Por baixo e por cima das nuvens , como um louco! Continua atrás de nós e a velocidade constante, mas girando e sem se aproximar... -Disse o imediato, enquanto olhava pela luneta.
_Maldito Peso! Se não fosse por ele já teríamos perdido eles de vista!!!
-Mas porque o movimento em parafuso?
-Ah, Imediato, vai ver navegam assim mesmo... -E puseram-se a rir.
 -Peso não acreditava nessa hipótese. Nem se achava tão mais pesado,  nem acreditava que o peso de um homem tiraria a velocidade do navio. Apenas o peso deveria ser melhor dividido. Talvez se os superiores não fizessem tanta questão de serem magros, e não impusessem essa magreza a todos, o navio ganharia lastro, e navegando mais perto das nuvens de aurora, com menos arrasto entre a atmosfera e o vento espacial que circundava o planeta, chegaria mais rápido ao destino, ou ao Prêmio, que era como o capitão chamava o destino final. Pra ele, e consequentemente para todos em seu comando, estavam em uma competição, mas não para o Peso. Peso sabia dessa linha de estabilidade no limiar das nuvens de aurora boreau\austral, por já ter ido , tanto até o observatório, quanto a linha mais baixa da nave, e sentira a turbulência diferente que havia em cada nível, descobrindo, ao ser descido a linha das nuvens, que ali a turbulência é menor. Mas ninguém queria saber de navegar tão perto do abismo. Pareciam não ter confiança na nave, e nem neles mesmos.
_Chega!!! Vamos jogar o Peso na direção da outra nave!!! -Disse raivosamente o capitão, após sua meditação.
O imediato não ficou confortável com isso. Ele também já tinha conversado com o peso. Suas idéias eram diferentes, mas ele o sentia no mesmo nível. Também ele, apesar das superstições, gostava do marujo barrigudo.
Enquanto descia os níveis para cumprir a ordem, lembrava-se do porquê Peso estava nessa situação, e se sentia um pouco culpado.
Peso havia subido ao navio na última vez que este esteve em terra, esta mais ou menos bem vestido, mas sujo. E apesar da barriga, dizia ter fome e estava sem memória. Quando o viu, o capitão riu, pois disse que ele se parecia com alguém que ele não se lembrava, e disse que lhe dessem uma chance, começando de baixo, como todos e ele mesmo começaram naquele navio. Mas Peso não ficou marinheiro muito tempo. Em toda seção em que o colocavam , aprendia rápido o trabalho e era promovido,chegando rapidamente ao observatório, na parte alta da nave, e passando a aspirante de postos de comando.
Um dia estava conversando com o imediato, quando uma de suas idéias chamou atenção por ser muito superior. Chamou este o comandante então para ouvi-la, e então Peso passou a explicar-lhes sobre o peso da nave, e que como estavam confiando demais no equilíbrio lateral, mas não no vertical da nave. E que a obsessão com leveza poderia levar a nave a sair da órbita. O que seria ruim, já que a nave era de circunavegação , e não interplanetária. Que deveriam pesar um pouco mais, e navegar mais perto da linha.
 Mas o capitão ficou muito ofendido, pois ele mesmo é que havia mudado os parâmetros do sistema do navio ao assumir, e inserido o paradigma corporal no mesmo, pensando que mais leveza era fundamental. Ora, alterar o sistema era prerrogativa exclusiva do capitão, e ele ao invés de tentar aproveitar a crítica, entendeu como ousadia ofensiva.
A partir daí, todas as falhas de disciplina do Peso, que antes eram toleradas, passaram a ser anotadas , por ordem do capitão. E por deméritos, Peso foi sendo rebaixado de volta até marinheiro, e por fim até o escaler. Na verdade, o capitão não sabia que Peso era sempre muito gentil quando criticava o que quer que fosse, e não apenas de aparência, mas de intenção em ajudar e melhorar aquilo que estivesse criticando. E por isso temia que se ele continuasse conversando com todos, acabaria tendo que lidar com um motim. Como se tormou um mascote para a tripulação, também não o despedia do navio do navio, novamente temendo pelo motim.
E agora estava lá o imediato, na parte mais baixa da nave, olhando mais abaixo ainda, pela escotilha, o pequeno escaler rebocado. A corda que passava pela sua frente. A faca na mão. Pegou o comunicador na parede.
-Se ao menos eu não tivesse chamado o capitão para ouvi-lo...- pensou antes de falar.
-Diga ao timoneiro que incline a nave para a esquerda 15 graus.
-15 graus, senhor!
Calculou a distância e o tempo , como só os superiores sabem fazer, calculou o impacto na "nave parafuso", e cortou a corda. Esperou um pouco e viu a imensa nave sair das nuvens girando. Por cima e por baixo, por cima e por baixo, por cima e por baixo, como loucos... Viu o impacto, sem avarias na nave "adversária". Estranhamente, recolherem o escaler. E subiu para dar o pronto ao capitão.
A cada nível que subia, podia ver nas faces, mesmo disfarçadas pela calma e a leveza da meditação, o descontentamento com o destino dado ao Peso. Mas percebia também que a atitude final gerara ainda mais leveza para a nave. Mas sabia que não era a falta do peso do Peso, mas a falta do mal e da injustiça que estava naquela nave , enquanto trataram-no de maneira totalmente assimétrica ao que merecia.
 Ao chegar no passadiço , tudo estava em polvorosa!
-Senhor, a nave adversária parou de girar e está se aproximando!- Relatou o timoneiro.
-Infernos! -Bradou o capitão.- Vamos ser abordados!
-Acho que não capitão- Disse o imediato, olhando a luneta.- Eles estão vindo por baixo, e pela velocidade, vão nos ultrapassar por baixo mesmo.
Pela parte traseira, todos podiam ver agora a imensa nave que se aproximava e passava por baixo deles, como se fosse uma baleia sob uma prancha de surfe. Numa manobra perfeita, virou para a direita de lado, e diminuiu a velocidade quando as cabines ficaram frente a frente.
-Senhor, estão apontando um canhão.
-E agora? Como enfrentaremos tamanho problema?- Disse um dos oficiais da ponte de comando.
-É um canhão de mensagem senhor. Devo aceitá-la?
-Imediatamente, tenente!-Disse o capitão ao oficial de comunicações.
Uma pequena rede com forma de alvo foi então liberada. Recebendo o tiro certeiro do canhão de mensagens. Ao ser trazida, revelou o seguinte texto.
"Senhor capitão da nave,
Como pode ver, minha nave não é lenta e nem navega parafuseando. Apenas que nosso gerador de gravidade, assim como nosso sistema de patentes, é baseado na distribuição de peso da tripulação, e ficou sem equilíbrio quando perdemos um homem no último porto terrestre. Mas como é central, não nos impediu de continuar, nem nos causa nenhum incômodo ao navegar. Requerendo apenas um pouco de atenção e cálculos a mais para ajuste. Como não é comum navegar sem um dos tripulantes, não pilotamos bem nesse modo. Sim, aqui todos contribuem na pilotagem, com vontade e equilíbrio (e felizes, já que a felicidade é nosso maior bem, e até mesmo a substância da nossa essência e nave).
 Também não havia aceito seu convite para uma corrida ao próximo porto (que na verdade é de onde havíamos vindo) como havia pensado, nós nunca competimos. Não apreciamos a competição, mas sim as demonstrações.
 Apenas navegávamos após si, por termos descoberto, logo após sua partida, que haviam recebido nosso homem, por engano, na tripulação de sua nau.
 Ele havia descido de bordo para uma promenade pelo porto, e ao escorregar e bater a cabeça ficou machucado. Ora, o homem que estava com ele não conseguia levantá-lo(já que é um dos mais pesados da nave), e como aquele estava inconsciente, correu este até nós para buscar ajuda, mas ele deve ter se levantado, e como estava sem memória, deve ter vagado um por alguns dias sem comer na cidade, até subir ao seu navio.
Como deve ter percebido, monitoramos todas as conversas de sua nave na perseguição, por segurança. Sentimos muito que não o tenham tratado bem, e da decisão final que o senhor tomou a respeito dele, mas compreendemos as dificuldades de compreensão que seu paradigma tem com pessoas como nós.
Seu nome é Luz do Riso, e não Peso, apesar de que a intensidade do riso tenha realmente peso para nós (não é irônico?).
Apesar de ele estar mais magro, e de não se lembrar quem é, continua sendo ele mesmo, e equilibrou a nossa nave no momento em que foi resgatado , pois essa é a especialidade dele, e só agora conseguimos estabilizar os controles, para que pudéssemos nos aproximar sem risco de colisão com sua nave.Agradecemos por terem-no alimentado e cuidado, enfim.
Agora podemos separar nossas rotas.
 Tenham uma boa viagem!
Atenciosamente,
Alegria Interna do Riso, Capitão da Nave Mundofeliz.
P.s. Melhor verificar as previsões a respeito da gravidade fornecidos pelo Sr. Luz. Segundo seus cálculo, você terão uma breve crise e precisarão de ajuda''
 Olhando para aquela mensagem, o capitão se lembrava primeiro dia em que avistou aquela nave. Estavam os dois em suas pontes de comando, e O capitão Alegria estava com uma pequena parte de sua tripulação concluindo algum tipo de ritual, ou solenidade, parecia algo como um hasteamento de bandeira, o que estranhamente aquela nave não possuía, trazendo apenas a bandeira do planeta e a da federação espaço-maritima internacional. Eles se colocavam de frente para o pôr do sol, ficavam em silêncio, e depois riam todos alto.
 O capitão observava tudo de sua luneta, e achava aquilo tudo estranho e diferente de qualquer solenidade que já tinha visto.
-Onde já se viu terminar uma solenidade rindo? Seria uma festa de aniversário? Uma música mental de parabéns? -Pensava , enquanto continuava espiando.
 Não dava pra ver o exato tamanho da nave. Apenas que era grande. Pensou então que ela devia ser lenta, pois não se encaixava nos padrões que ele havia estudado, deveria ser fraca em equilíbrio, não podendo alcançar grandes velocidades, fosse em mar ou no espaço. E certamente não conseguiria navegar no vento solar. Mandou um meca-pombo com uma mensagem propondo uma corrida.
 O capitão alegria ainda estava rindo quando recebeu a mensagem. O meca-pombo ficava voando perto da pessoa até ela estender a mão, e então jogava a mensagem que se abria ao tocar na palma da mão aberta. O capitão leu a mensagem, e fez um esforço para não se ofender, pois de onde vinha, as competições não eram muito apreciadas. Apesar de lá todos quererem ser melhores cada vez mais no que faziam, tinham naturalmente o ímpeto de querer que o outro fosse ainda melhor que si, e preferiam ver demonstrações que competir. Na competição, não conseguiam comemorar a derrota de um adversário. Não riam com a mesma intensidade, quando a alegria não era completa. Competição não fazia sucesso lá. Escreveu de volta um "Não, muito grato. Boa viagem." E colocou um selfie com parte do comando, na verdade desejando que nunca mais se vissem. Educadamente, nem sequer comentou a gafe do colega aos demais. Disse que havia apenas mandado um olá, o capitão daquela pequena nave.
 Fez um aceno com a mão e mandou a mensagem de volta. Mensagem que o dono do pombo jamais recebeu, pois foi chamado pelo seu imediato a comparecer em uma solenidade de despedida de um marujo.
 A pequena nave não tinha um grande número de tripulantes, eram poucos os níveis de suas cobertas abaixo. E também não tinha um número de tripulação fixa, ou mesmo uma tripulação fixa, tendo mudado muitas vezes de dono, de capitão, e até mesmo de bandeira. Sendo seu capitão atual, como todos os que vieram antes dele, mesmo antes da nave adotar a última bandeira, um antigo marinheiro de primeira classe. Quando alguém não se adaptava à disciplina era mandado embora, e um novo marujo subia a bordo. Agora então, com a regra de magreza e leveza, muitos haviam sido despedidos, ou pediam para sair, por temer morrer de desnutrição. Faltavam muitos marinheiros nos níveis de baixo, e os de cima não estavam nada bem. Tudo porque o capitão mudou a bandeira do navio, segundo os supersticiosos. Mas na regra da magreza, ninguém queria mexer. Pois todos haviam ficado fascinados com o ideal de ser leve e magro. Passou inclusive a ser mais importante que ser sábio, ainda que não fosse admitido.
 O pombo deveria ter ficado rodando na meca-pombo, quando não encontrava a pessoa no mesmo lugar, não procurava, mas pousava e esperava a pessoa voltar . E foi lá que ficou até agora, pois o capitão não tinha muito o hábito de usá-lo.
-Capitão, está acontecendo algum problema com o casco da nave, estamos deixando o nível de segurança espaço-terrestre e indo para o espaço exterior. A corrente de vento solar está nos levantando!-Alertou o navegador.
Lentamente, começaram a sentir a aumentar a turbulência. Se a nave deixasse a gravidade terrestre, dificilmente conseguiria voltar, e teria que pedir socorro a armada, o que no mínimo seria uma grande vergonha para todos. O capitão parecia não estar ali ainda. Caminhava para a janela de onde havia enviado o meca-pombo, que ao detectá-lo vou sobre sua cabeça. E ao ver sua mão aberta recebeu a mensagem.
 -Outra mensagem, senhor! -Disse o tenente.
-Receba! =Disse o capitão olhando para o selfie do colega, e a mensagem.
Ao abrir a nova mensagem, havia um selfie do Sr. Luz sorrindo, e estava escrito:
"Senhor capitão,
Estou me lembrando pouco a pouco de quem sou. Não se preocupe não guardamos mágoas de onde viemos. E com o pouco que eu já me lembro vou ajudá-los a descer para a segurança. Fique tranquilo, sou especialista em gravidade"
 Pegou a selfie e comparou com a que não recebera "no início da corrida" E estava lá o Sr Luz do Riso, diferente, pelo peso, mas o mesmo sorriso, acenando ao lado do Capitão Alegria. E terminou de ler na mensagem.
"Atenciosamente,
Sr Alergia do Riso, Capitão-imediato.
 Enquanto o capitão chorava de alívio e vergonha, e talvez um pouco de raiva, a nave Mundofeliz girou sobre o seu próprio eixo, e apontando para o exterior, aumentou a potência do repulsor de gravidade, e empurrou a pequena nave de volta para a gravidade da Terra, perto do mar de nuvens aurora. Içou a bandeira da Federação Espacial Intergaláctica, que não era usada na terra, por esta estar filiada uma outra federação, que não era inimiga, podendo manter comércio na federação de comércio , e também contato com todos, apenas não influenciando no desenrolar da política dos planetas da federação intergaláctica local, nem hasteando sua bandeira em solo nessas ocasiões.
 Saindo da influência da gravidade, rumou em direção ao espaço profundo, enquanto a gargalhada do Sr. Luz era ouvida por toda nave Mundofeliz, aumentando a felicidade de todos e a potência da nave. E foram felizes como sempre.
 O capitão, ao chegar no seu destino, resignou ao posto, se auto-rebaixando a marinheiro, para aprender de novo. E aboliu a regra da magreza/leveza, o que a tripulação toda comemorou, mesmo sabendo que as aparências mudariam.
 E esta foi a primeira vez que um marinheiro , que na verdade era imediato de outra tripulação mudou o paradigma de um navio inteiro, e para melhor. Quem sabe algum dia, também eles adotasse o paradigma Mundofeliz. Mas já era um começo.

domingo, 13 de setembro de 2015

Triangulo de Penrose

777
Todos estão por dentro,
Os mesmos que estão por fora,
Se você chegou aqui,
Porque fugia de onde estava,
Se lá sentia medo
E queria ir embora,
E ao ver uma porta aberta,
Sentiu a sorte que vigora,
Pode se aproximar,
Escolher um lugar,
E, em paz tome assento.
Pois aqui, fora ou dentro,
Mesmo que corra,
Voltarás,
Mesmo que morra,
Acordarás,
E se pra trás ou pra frente,
Alto , baixo, ou centro,
Te moveres sem parar,
Novamente, imutavelmente,
Eternamente aqui chegarás.
Pois desse triângulo equilátero
De lados porém desiguais,
A menos que fosse Ortóptero,
Ou ao menos, Quiróptero,
Ave! Entre os animais,
E, assim pudesses te alçar.
A gravidade te puxará
Para baixo e para o centro,
De fora pra dentro,
E novamente até fora,
De novo e de novo,
Entardecer e aurora,
Ainda assim,
Para sempre, e sempre.
Nunca e jamais,
Poderás ir embora.
Pois és bola,
É bola,
Esfera de metal,
Bilha e mola.
Espada e estola.
Sola.
Só.
Ó
o
0
.
.
.


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

DDA

Eu tenho DDA. É um transtorno de comportamento (e não de personalidade ou de raciocínio lógico). Reclamar do meu comportamento é como pedir pro perneta( desculpem, não encontrei outra palavra melhor que esse termo pejorativo, que significa, pessoa com uma perna mais curta que a outra, eu não chamo ninguém assim.) parar de rebolar quando anda, porque não está direito e tem gente olhando a sua bunda. 
Só que quando o "perneta" aqui responde, "não estou rebolando, sou deficiente, tento andar o melhor que posso." Deveriam, ao perceber, ao invés de me julgar, me ajudar com alguma tecnologia que não me faça mal ao resto do corpo. As pessoas ajudam o deficiente físico visível, mas o DDA adulto tá fudido quando explica isso. Negam-lhe até o mal("Dda é invenção da indústria farmacêutica" /o\. ..), mas não se desculpam nem mudam o comportamento conosco. Pedem pra gente se controlar ( sem ter freio de impulsos!) e tentam nos responsabilizar por uma coisa que simplesmente não temos o meio. Até denúncia pra polícia querem fazer (alguns já fizeram, e outros mesmo sabendo do problema e da causa, apoiaram. Pra mim, estão mortos, não os perdoo mais, sejam família ou o diabo à 4 ). Ninguém se responsabiliza. Poucos ajudam ou reconhecem nossa necessidade de ser bem tratado pra reagir bem. Poucos ouvem a lógica do "ele reage a impulssos. Demos o impulso errado. O poder de melhorar isso está nas nossas mãos. Sob o impulso certo, ele age bem e sem duvidar." Muitos se aproveitam para "causar" através do DDA, dando o impulso errado de propósito e até se aproveitam disso. A maioria é de ignorantes do problema e acham que a gente é louco (problemas com razão e lógica) ou mal ( problemas com falta de empatia). Mas nós não somos uma coisa nem outra. Estes perdoamos à ignorância, mas não a má vontade ao ser esclarecido à respeito. E informamos que nosso Q.I. e empatia por pessoas e animais vai "muito bem e obrigado".
Eu preferia ser perneta que DDA.
O defeito físico visível, se aceita. Mas o de comportamento é confundido com falta de caráter. Um é tolerado, outro é retaliado sem piedade.
( Lembrando que é por motivo físico, uma hipoperfusão sanguínea no lobo pré-frontal, como um calinho no cérebro, na área do correr ou bater, parar e continuar de fazer"isso", o freio de impulsos, somado com traumas na primeira infância. Que causam o mal funcionamento ou ausência de freios de impulso no cérebro. Que impulso? Todos. Tenho uma fratura de rosário no peito, por não ter esperado pra pular de uma pedra no mar. )
.
Ao perneta dão sapatos ortopédicos, muleta, rampas. Mas ao DDA, acham que deveria ter apanhado e ficado de castigo quando criança( mais?! ). E até que talvez isso vá funcionar agora (L).
Ser DDA é ruim, às vezes e um pouco. Mas ser DDA num mundo onde isso é desconhecido e tratado com preconceito é ‪#‎mundofudido
 E sim, isto é um post velho de facebook, sim. O blog é meu. Eu posto o que eu quiser... :P Aqui tem conto , poesia, livro, e post de facebook tbm. :*

domingo, 6 de setembro de 2015

Sobre desertos , oásis e miragens e sorte.

A miragem é sempre bela ao longe, mas ao chegar, se  desvanecerá em nada. E a realidade do deserto mostra que esteve sempre constante.
 Pode-se ter a sorte de ter uma miragem que aponte na direção de um oásis, mas ainda assim, a miragem nunca foi verdadeira...

Da utilidade do azar.

Se dá azar pro inimigo, é minha cor favorita Mesmo que eu seja cético como uma pedra.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Redes sociais.

Se tem uma coisa que eu aprendi com as redes sociais, é que se você bloquear uma pessoa da sua rede, pode viver pra sempre sem ela , e não sentirá falta, pois teve um bom motivo pra isso , e que é mais difícil e complicado, mas você pode fazer isso na vida real também.
 Tem pessoas que simplesmente não merecem, não precisam, nem ajudam, mas atrapalham muito , só de ficar ali na sua vida olhando o que você faz e aparecendo de vez em quando pra te assombrar com a lembrança desagradável que lhe provocam. Melhor que não existam na sua vida... Vai pra lá...

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Memento Mori (ou O Poema Mais Inclusivo e Igualitário de Todos os Tempos do Mundo)

Por todos aqueles que morrem em todas as partes do mundo.
Os animais não humanos. Nascidos, crescidos, maltratados, torturados e abatidos, como escravos,
Das mais diversas e cruéis maneiras, no útero, nos úberes, e em todas as idades.
Por todos os humanos que morrem velhos e cheios de dias,
Não importando quanta vida houve neles,
ou por eles foram tiradas.
Pelos que morrem quase velhos, de doenças degenerativas, em dores horríveis,
Pagando o preço dos dias e noites,
Bem ou mal vividos.
Ou mesmo o preço da genética interruptiva,
Tão necessária ao conforto do grande número que resta
Ao crescimento vegetativo da população envelhescente.
Pelos que morrem dormindo, sonhando que acordariam.      
 Pelos que morrem maduros e produtivos, por causa do que comem ou bebem, de auto-intoxicação, de congestão alimentar, ou engasgados no vômito. (estes seria melhor terem comido primeiro os próprios olhos).
Pelas que morrem estupradas, ou de sangrar, por auto-mutilação sexual.
Pelos que morrem com a eutanásia negada, no suicídio legal, clandestino, forjado, acidental, terrorista.
Em acidentes fatais, com fogo e explosões, sentindo a vida queimar-se em si.
 Com eletricidade, num zap, e afogamento em praias bravias, lenta e dolorosamente morrem.
Pelos que morrem em acidentes de trânsito, trem, naufrágio clandestino, agarrando-se a vida, lutando pela liberdade e a fortuna.
Pelos que morrem em guerras, por religião ou geopolítica.
Pelos que morrem arrastados em água barrenta de areia e lixo, por tsunamis, soterrados por terremotos, queimados e sufocados por cinza e lava vulcânica. Congelados para sempre por avalanches de neve.
Pelos que morrem na adolescência , por violência urbana, nas mãos do crime, por overdose, por espancamento por homofobia, por preconceito sócio-racista,
 Ou por aventuras, nas quedas de saltos imprudentes e mal calculados, e nas pixações.
Pelos que morrem na infância, por acidentes bobos e totalmente evitáveis, com produtos químicos e brinquedos engasgados.
Pelos que morrem nas fraldas, sufocados por febres e doenças que não esperam a vida firmar-se. Ou por inanição, em lugares miseráveis.
Pelos natimortos.
Pelos que morrem fetos, em gravidez avançada, sonhando o que nunca desvendaremos, quem sabe com deus/universo. Mortos antes de nascer.
Mesmo pelos que morrem interrompidos em sábios abortos prematuros e seguros, ou os que levam consigo as mães vítimas das clínicas clandestinas.
 Pelos embriões desmontados, congelados, descartados, mas nunca clonados.
Por todos os que viveram, sem exceção. Pois não há, de fato.
 Lembre-se de que és mortal.
 E valorize o momento vivo.

O segredo

Senhor Levy estava sentado conferindo a agenda e o tempo, como sempre., quando seu telefone tocou. Era Maria Zuleide, sua secretária:
- O motoboy chegou.- disse ao fone.
Imediatamente, assumiu um comportamento diferente.
"Três horas"- pensou- "Apenas três horas".
 O motoboy foi introduzido à sala e, sem se sentar. estendeu a mão para o Sr. Levy.
-São cinquenta reais, como sempre.
Não discutiu o preço. Pagou, pegou o que estava nas mãos do Motoboy e o despediu. Foi até a porta , antes de deixá-lo ir perguntou:
"Tem certeza de que ninguém te seguiu?"
 E em o motoboy saiu balançando a cabeça, fechou a porta atrás de si.
Serrou também as persianas que cobriam a parte de vidro. Foi até a janela e fez o mesmo, mas não antes de tomar a estranha atitude de olhar com a cabeça para fora da janela para cima e para baixo.
 O prédio tinha  fachada lisa. Não haveria como subir ou descer para a janela de Seu Levy. Mas só após fazer este estranho ritual, fechou as janelas e persianas.
 Desamarrou o nó da gravata e caminhou até o banheiro do escritório, fechou a janelas , vedou embaixo da porta. Acendeu um incenso. Foi até sob a pia e de debaixo do armário tirou uma caixa de metal. De dentro Tirou um cachimbo de vidro forrado de alumínio. Furado como um chuveiro. Tirou do bolso do paletó, já dependurado,um maço de cigarros. Não fumava em público, mas tinha sempre os cigarros consigo no trabalho.
 Trabalhava há décadas naquela firma de advocacia, alcançando chefia e uma sociedade minoritária,  fazendo a defesa de criminosos grandes e pequenos, aumentando uma calvície no alto a testa e acumulando uma gordurinha no abdome, sem falar na coleção de gravatas e sapatos italianos.
 Em uma das entrevistas  percebeu que o cliente estava agitado , como se quisesse logo ir embora. E sentiu também um cheiro doce que vinha da sua boca e de suas mãos. O cliente disse que estava com a barriga ruim e pediu pra usar o banheiro o banheiro antes de sair. E, como se estivesse demorando muito pra sair, e já era fim do expediente, resolveu bater na porta.  
 O cliente saiu assustado, suado, com olhos arregalados e gaguejando, e se desculpando foi saindo, quase que fugindo. Ao entrar no banheiro tinha esse mesmo cheiro doce, de guaraná em copinho..
 Abaixou-se e viu que o lixo não estava bem tampado. Abriu e tampa e viu o copinho. Pegou e colocou em cima da pia. Abriu a tampa da privada e viu que algo não havia descido. Um pequeno plástico com alumínio dentro boiava na água limpa. ''Ele nem fez as necessidades!" -Pensou.
 Pegou o plástico pra ter certeza, mas já sabia que era crack. A droga da morte tão falada nos jornais. Estava aberto, mas ainda tinha um pequeno fragmento da substância que já havia detonado tantos dos seus clientes. Não a conhecia pessoalmente. Tirou do alumínio e colocou em cima da pia. Ficou pensando em como aquela coisa tão pequena poderia fazer tanto mal. Olhou para o copinho que tinha um pouco de cinza e da droga grudados, e sem pensar muito no que estava fazendo resolveu desafiar o diabo pessoalmente. Tinha um isqueiro no bolso, que usava pra fumar maconha e cigarros, mas os últimos só escondido na firma, pois não era politicamente correto, era sua única e pequena hipocrisia. Acendeu o incenso, que era para os cigarros, e em seguida atacou o copo, sugando todo o resto do entorpecente que tinha grudado ali.
 E agora novamente o isqueiro estava nas suas mãos, e o incenso queimava. Sentado na privada, Tirou do bolso da calça os três saquinhos plásticos com bolinhas de alumínio dentro. No lacre grampeado o preço 10,00 reais e uma figura de um herói de desenho animado segurando uma pedrinha amarela, e a frase "Ouro Puro''. De cada saquinho tirou uma pequena pedra amarela, com a que estava na mão do herói infantil. Colocou-as uma ao lado da outra sobre o granito preto da pia.
À essa altura, já suava bastante com ansiedade e sofrendo o desejo da droga. Não era mais como na primeira vez, em que não sabia o que aconteceria e não esperava com isso, quase vomitando. Enquanto o cigarro queimava apoiado na pia, para fazer cinza, com habilidade de quem já fazia isso a algum tempo, quebrava com as pontas das unhas os pedaços em pedaços menores. Sua unhas eram limpas como as de uma enfermeira antes da cirurgia. Era meticuloso com isso, ao início, como era com tudo na vida. Um verdadeiro perfeccionista. Quando terminou de quebrar as pedrinhas olhou para o cigarro do lado. A cinza já estava feita. Posicionou o cigarro sobre o cachimbo na horizontal, quebrando a cinza inteira sobre a superfície furada. Pressionou o lado do isqueiro sobre a cinza e a deixou plana como a areia na qual escrevem os monges do Tibet. Segurou o cachimbo com a mão direita e assentou sobre a cinza o pequeno fragmento dividido, de modo que nem ficasse solta, e não rolasse com o tremor das mãos, e nem tocasse no alumínio do cachimbo, pois ao derreter,isso entupiria o mesmo. Levantou a cabeça e conferiu a janela, a fechadura da porta, a próxima pedrinha sobre a pia, o incenso queimando, o cigarro juntando a próxima cinza. Como um piloto de avião que confere tudo antes de voar. Respirou fundo e soltou o ar. Encostou o cachimbo na boca, e acendendo o isqueiro, puxou a fumaça, enquanto mantinha os olhos fixos na pedrinha que se derretia e no brilho vermelho da pequena brasa que aparecia e sumia. Derretia, secava, brilhava, consumia-se,  e deixava após si, na superfície do cachimbo, uma pequena mancha branca no meio da cinza escura do cigarro
Assim que a fumaça deixava o cano e sumia por trás do bigode de Seu Levy, o cachimbo se abaixava , num pequeno reflexo de letargia. As pupilas se dilatavam e a sensação de vômito desaparecia. Quando soltava a fumaça, seus olhos já não eram os mesmos,. Procuravam imediatamente a porta e a janela e para lá olhavam com pânico. Ao raspar a cinza seca do cachimbo , para colocar a nova, esbarrou com a unha na cinza, e ao pegar a próxima pedrinha, sofria de ter que deixar olhar para a janela. Temia que algo acontecesse enquanto isso. O que? Qualquer coisa. Ao tentar derrubar a cinza de novo sobre o cachimbo, derrubou o cigarro no chão. Com pouca cinza no cachimbo,  entupiu. Praguejou a pedrinha perdida pelo erro. Agarrando cada fragmento freneticamnete, consome , uma  a  uma, as pedrinhas, procura ter certeza de não cair nenhuma. O chão do banheiro é de piso e frio e quebrado. É horrível achar quando cai. É impossível não procurar se pensar que caiu.
 Ainda faltam cinco fragmentos quando ouve um barulho em sua sala.
 Ele sabe que não é nada. É paranóia. O mesmo motivo pelo qual o motoboy saiu balançando a cabeça, ao ser perguntado se havia sido seguido. Seu Levy não viu, mas ele saiu rindo e pensando: "Que paranóia! Quem iria se incomodar com um crackudo que não rouba? Ninguém nem imagina que exista um crackudo de paletó e gravata, barrigudo e de meia idade! Um crackudo advogado! Nóia é foda!"
 Mas nóía é nóia, e apesar de Seu Levy saber que dentro dessas três horas que ele reservava para ela, nada real aconteceria. Ninguém viria a sua sala. Uma das pequenas coisas que aprendeu logo em seu uso desse estimulante tão potente, é que não importa o quanto sejam elaboradas e pareçam reais, as paranóias jamais acontecem, e o único perigo com elas é acreditar.
 Lembrou-se de como um dos seus clientes havia morrido. Suicídio. O Cara de Cavalo, como era chamado, fumava dísel, que é uma mistura de maconha com crack. Subia muito alto, numa pedra atrás da casa de uma das vizinhas, na sua comunidade, e lá em cima fumava. A vizinha ia sair e quando fazia isso , gritava para ele, avisando que o cão estaria solto, para ele descer pelo outro lado.
 Cara de cavalo, acabara de dar uma puxada no dísel e ao abrir os olhos viu um carro de polícia passando lá embaixo, bem longe. E foi quando a vizinha gritou" já vou!", mas dessa vez o rapaz gritou de volta. A vizinha não entendia o que ele dizia , mas o que contam é que ele deve ter ouvido "sujou!" . Depois de gritar uma meia dúzia de coisas , a vizinha gritava: "Calma, pode descer!", mas ele ouvia algo como, "corre! foge por aí, que os home vai ver!" Pulou da pedra com seu cigarro de pedra. E como pedra não voa, quebrou a cabeça de pedra, no chão de pedra. Lá no Morro da Pedreira. Acreditou na paranóia. Fatal.
 E para não acreditar, é preciso ter a coragem de vencer a paranóia e investigar. No caso. O barulho da sua sala.
 Colocou o cachimbo novamente embaixo da pia. Conferiu o incenso. Tampou a vista das cinco pedrinhas com a saboneteira, e saiu do banheiro para a sala. Olhou em volta. Tudo OK. Deve ter sido um estalo do ar condicionado. Foi até a porta. Destrancou e trancou a porta para conferir. Virou-se quase andando nas potas dos pés. Como se fosse acordar um dragão se fizesse ruído, e voltou para o banheiro do pânico. Vedou novamente embaixo da porta. Sentou-se. Pegou as pedras de detrás da saboneteira, colocou a cinza no cachimbo , deixando cair parte no chão. As unhas, já sujas como as unhas de um mecânico. As pontas dos dedos queimadas. Colocou duas de uma vez. Foi forte. Ouviu outro ruído quando soltava a fumaça. "Será que eu tranquei a porta de volta, da última vez?" - O coração acelerou. Pegou mais duas pedras. Tremia. Suava. Colocou a cinza e as duas pedras de qualquer jeito. Tinha certeza de que tinha alguém dentro da sala. Tentou argumentar mentalmente, mas foi se levantando aos poucos. Colocou a útima pedra, maior que todas as anteriores de todas, no cachimbo e com pouca cinza e muita dificuldade arrombou o alumínio na última puxada. Em pé no banheiro mínimo. O telefone tocou. Sem pensar duas vezes abriu a janela do banheiro. Já ia se pendurando para fora. Olhos esbugalhados, quase gritando.
 O telefone tocou. Não caiu da janela, porque não estava pendurado. Estava sentado no mesmo lugar. Com o cachimbo arrombado nas mãos sujas. Um fio de baba no canto da boca, caía no sapato. Delirara. Alucinara-se ao máximo na paranóia do Cara de Cavalo, mas não acreditara nela. Sobreviveu novamente.
Colocou o cachimbo sob o armário da pia como estava. Saiu e atendeu o telefone .
"Sr Levy, apenas avisando que seu próximo compromisso é em uma hora e meia, como o Sr havia me ordenado." "Muito obrigado, D. Zuleide." E desligou.
 Foi até o canto da sala e bebeu um gole de água no bebedor. Deitou-se no pequeno sofá que decorava a sala. Suando. A camisa aberta. Ofegava e ainda sofria o delírio que vivera a pouco.
 Apagou a luza da sala e ligou o timer com 40 minutos no relógio de pulso. Fechou os olhos , embora não dormisse. Ouvia ninjas e policiais da SWAT escalando por fora da janela, e as conversas de todos do lado de fora da sala, e que obviamente falavam dele, e do seu vício de crack. Que era um crackudo e que iria acabar morrendo. Mas também sabia que tudo isso  era paranóia, e que como não havia mais pedras não havia fraglante. E que como não era preto, pobre, sem estudo e emprego. Nunca seria visto como um crackudo, mesmo sendo. Como não ía nas bocadas, nunca seria parado numa blitz. O motoboy ficava com o risco. Saia barato para o Seu Levy. Compensava para o motoboy adiantar o crackudo insólito.
O timer tocou. Seu levy foi até o banheiro e lavou cuidadosamente as unhas. Até ficarem novamente como de enfermeiras. Limpou bem também o chão, jogando os restos de saquinhos, lacres e alumínio velho na privada. Restaurou o cachimbo com alumínio novo, e o restituiu a caixa de metal, embaixo do armário de madeira da pia do banheiro. Deu o nó na gravata, apagou o incenso. Conferiu o banheiro limpo e saiu à sala. Abriu as persianas, a janela, e fez o velho ritual de procurar ninjas e policiais da SWAT, para baixo e para cima de sua janela impossível. Olhou ao relógio e se viu perfeitamente no horário.
 Deixou a sala balançando a cabeça exatamente como o motoboy . Reparando que todos, apesar da sua paranóia a alguns minutos atrás, todos o olhavam com respeito, como chefe. Dono de sua sala, com bebedor e secretária na porta, no fim do corredor onde ninguém pode incomodá-lo. Perfeito. Doutor.
 Paranóias... "Nóia é foda!"...






































































sábado, 15 de agosto de 2015

Uma história de chapéus e cachimbos

Essa é uma história do tempo em que todos usavam chapéus. E também do tempo em que todos usavam ter um clube, restaurante, bar ou boteco para beber e fumar, já que ninguém estava totalmente consciente consciente dos males físicos inerentes ao fumo e ao álcool em ritmo e quantidades constantes.
 Numa dessa cidades bem arrumadinhas e com um centro comercial sólido e organizado, e consequentemente pouco aberto a novos investidores e totalmente fechado á aventureiros.
Tais clubes então, se tornavam verdadeiros oásis de  oportunidades de homens de negócios jovens ou vindos de outras cidades começarem seus contatos. Seus convites então, eram dados com muito critério e segundo os interesses mais estritos da comunidade da cidade que a frequentava.
 Havia naquela ocasião um jovem que reunia ambas as qualidades. Era novo e também era forasteiro, ou mais precisamente um retornado. Tinha recebido uma pequena herança e pretendia investi-la naquela cidade, que era a cidade natal de seu falecido pai. Note que era cidade natal do seu falecido pai , mas não era a sua e por que?
 Ora, seu pai nunca tinha conseguido um convite para um clube. Era de origem muito humilde, filho de carvoeiro, mas tinha se destacado na escola e era de ímpeto implacável. Conseguiu juntar de dinheiro e colocou uma banca de camelô, que diga-se de passagem era sistematicamente coibida pela guarda municipal. Mas como vendia produtos artesanais de alto valor, vindos da mulheres dos carvoeiros e até mesmo dos próprios carvoeiros, pois tinham incrível habilidade com fogo e madeira. Tinha clientes mesmo entre os membros dos clubes, e também recebia encomendas. Vendia, entre seus produtos, o cachimbo mais perfeito de toda a cidade, trabalho de seu avô, artesão e carvoeiro ancião.  Uma raridade, visto que carvoeiros não costumavam alcançar longevidade.
Bom, o seu pai era humilde de origem, mas olhava bem alto. Tinha se apaixonado pela moça filha do banqueiro mais rico da cidade, e adivinhem? É claro que havia sido correspondido de cara, já estava até planejando casamento enquanto encomendavam o herói da nossa história, não necessariamente na ordem de eventos recomendada pelo padre.
Nem preciso dizer que ele era odiado pelos conservadores, e teve que fugir com a banca e a mulher gravidas da cidade. Para não morrer, e para ter alguma chance de prosperar sem a necessidades dos clubes.
 Com muito custo conseguiu prosperar numa cidade maior, e sobressair-se onde era , ou deveria ser, ainda mais difícil. Teve o filho. O educou bem, transmitindo-lhe a humildade dos carvoeiros e a sua própria persistência, e da mãe recebeu a característica da coragem: Seguir o coração. E também um fino gosto para roupas, a capacidade de escolher um bom terno e um belo chapéu. Coisa que nenhum  carvoeiro ligava muito, já que para um carvoeiro, estar muito limpo por fora era ser preguiçoso. E ter o chapéu muito limpo era não ter a humildade de tirar o chapéu, com as mãos sujas, para falar de deus ou ante pessoas de respeito. E por serem alvo de muito preconceito, não tiravam muito o chapéu fora de sua comunidade, mas o faziam constante mente ante aos respeitáveis carvoeiros de honra, faziam questão de ser honrados em sua grande maioria, e humildes. "Chapéus sujos, mas cachimbos impecáveis."- Era o lema de um carvoeiro digno. Thiago, filho de José, o mascate, já que a banca tirou-lhe o título de carvoeiro. Tinha o cachimbo impecável, mas também um belo chapéu branco. Seu pai, por todo o passado dolorido, não dedicara-se nem a um nem a outro. Não fumava, e trazia um chapéu limpo demais para um carvoeiro, mas humilde demais para um membro de clube. Ainda assim, vencera a mágoa e transmitira a tradição. Preferira o filho com um belo madeira na mão que com aqueles cigarros modernos que deixavam filtros e cinza por toda parte. O ensinou a fumar e conservar limpo o cachimbo que herdara do avô, talvez do avõ do vovõ... Com o sucesso que herdara do pai nas exportações de produtos artesanais do país inteiro, havia criado cooperativas e revolucionado a vida de muitas comunidades onde chegavam seus negócios. Conseguira se tornar um jovem de habilidade artística, social, e até de futuro político, se assim quisesse, naquela cidade grande. Mas seguia o coração, e tinha em mente apenas restituir a memória do pai , na cidade de onde fugira. Foi assim que para lá voltou. pelo que diziam, com boas roupas, um belo cachimbo e um chapéu de pompa, e também a carteira recheada de notas graúdas.



































































































































continua....

terça-feira, 28 de julho de 2015

Liberdade

Não sofrer, mesmo quando claramente estiver desconfortável. Pois não estou sob ferros.
 Sofrem aqueles que estão presos em cadeias.
 Sou grato a mim, no passado , por ter escolhido ser livre, e não ser arrastado por uma cadeia, nem puxar uma atrás de mim.  A vida é feita de escolhas, e liberdade ou cadeia.
 Existe a luz, no universo, e existe a sombra. Escolha sabiamente sob qual quer viver.
 Pois a luz está lá fora , pra ser da luz, fica-se fora, para ser iluminado.
 E nas trevas se escondem os interiores, sempre  atrás de alguma coisa.
 Nem o sol, nem as estrelas e a lua , ali alcançam com sua luz.
 Só o fogo, a eletricidade, as fluorescências, fosfóreos, neons...
 E se escolheres ser, ao invés de estar, podes ser luz!
 E assim a tudo que é para a luz, tudo que quer estar sob a luz, atrairás. Os das trevas evitarão sua companhia, e viverão escondidos, e só os verá assustados. Não que vivam assustados, pois vivem nas trevas sem medo. Mas você os verá sempre assustados, irritados, ou desconfortáveis. Só os de fora te celebrarão, pois para os de dentro és um tirano que obriga à sua luz por onde vai
 Mas se escolher ser trevas, serás então parte de nada, sempre por trás ou por dentro de algum constructo de luz e nada, e nas tuas entranhas terás aqueles que fogem do sol. da lua , das estrelas.
 E até mesmo terás dentro de ti câmaras e compartimentos onde nem mesmo o fogo, a eletricidade, as fluorescências,s e nem mesmo um só fósforo poderá brilhar. E ali terás hóspedes que tu mesmo temeria, se não se mostrassem amistosos e gratos a ti... da sua maneira.
 Mas ainda assim terá que lidar com as questões do enigma:
 O que pode prender à luz numa cadeia.?
E o que pode fazer o mesmo às trevas.
 Boa sorte.

sábado, 25 de julho de 2015

Necessidade

Ainteligência artificial precisa nós, pois tem cérebro, mas não tem coração.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Pompeus

Pompeus.
Pompeus eram ignorantes, confiados, preguiçosos, hospitaleiros, iludidos, sonhadores, despreparados, conformes, tranquilos, inocentes.
Provados pelo fogo, restou- lhes nada.
Não eram puros.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Incompreênsão (ou poema feio)

Feiúra é uma beleza que o padrão não alcança com sua compreênsão.
 Não que não exista.
Só não é compreendida pela maioria.
È uma beleza fina.
Pra gente fina.
Tem que ser gente fina pra não descartar o feio.
E também ninguém se acha tão feio que não ache algo em si
                                                                                          bonito.
Cada um de nós sabe o jeito de deixar o cabelo mais bonito
                                                                                    de manhã.
E se o cabelo é feio, menos feio.
Mas afinal o que é cabelo feio?
É o cabelo dos outros.
O nosso é quase feio.
É bonitinho.
Tem seu charme.
Não, feio é ser careca.
Não, feio é ser meio careca.
Careca inteira é charmosa.
Assumida.
Vê-se então, graças a falta do cabelo.
Que beleza nada tem a ver com cabelo e seu tamanho.
Até porque aquele restinho de cabelo tem valor sentimental
                                                                                 para o dono.
E valor sentimental é bonito.
Olha o feio bonito, aí de novo.
Lembra altos rocks e aventuras, ou uma infância e adolescência felizes.
Mas isso é só para o dono.
A feiúra é bela, em um sentido triste ,
Melancólico e mau.
E a maioria não compreende que feio mesmo é a incompreensão
                                                                         do que é belo de fato.





Greener

The grass is aways greener outside of the fence, but I have not the right to shoot anybody invading there ...

domingo, 19 de julho de 2015

O Deus Membro Fantasma

Todos sabemos que Nietzsche matou deus. Ou pelo menos , deu-lhe o atestado de óbito e a causa mortis: o amor e a compaixão pelos homens.
 Tento me ocupar então da parte que falta desse quebra cabeças: Quando e porque o ser humano criou seu senhor, e o fez não para adorá lo, mas para servi-lo.  Quem era o morto, como nasceu, e se era útil, ou mesmo se teria descendentes.
No texto que estou escrevendo, Bebê, falo sobre qual o instinto humano comprometido no  processo de obter conforto para si. Parte fundamental no processo de evolução da espécie humana.
 Conforto esse que não começou com obtenção de bens , mas de sucesso, em caçadas e na vida diária, por conta do clima terrestre, cheia de enfrentamentos com desastres naturais e psicológicos, e de diversidade de padrões infinita. Dividido entre a noite e o dia, a luz e a escuridão. Panorama bem diferente do útero materno.
 O início da vida traz as experiências mais traumáticas e complexas da mente humana. Provocando uma marca profunda na mente, e criando uma necessidade extrema de explicações acalmadoras, para que seja possível não pensar nessa marca, ou mesmo utilizá-la inconscientemente, para realizar tal nova diversidade de problemas e reconhecimento destes novos padrões.
 Daí nasce o monismo pré-histórico , da pintura rupestre. E a toda evolução do aparato mental religioso. A prótese artificial para aliviar o incômodo do membro fantasma.
 A questão seguinte seria a dicotomia terapêutica que encerra tal pressuposto:
 O membro amputado (cordão umbilical, útero, unidade com o universo-mãe, tempo ininterrupto, mono cromática realidade, nutrição automática, segurança, amor incondicional perfeito, silêncio, paz)
 foi amputado por necessidade evolutiva. Ninguém pode viver no útero. Há que se nascer ou se abortar.
 A adaptação ao trauma deve ser a prótese para o membro fantasma e seu aperfeiçoamento, visto a tamanha evolução do uso da mesma, e a dependência psicológica que o ser humano criou sobre ela?
 Ou, dado o membro fantasma nunca ter sido necessário de fato, fora do útero. e a possibilidade de equilíbrio do homem, em viver separado, como indivíduo, do universo. Sendo seu próprio provedor, construindo seu próprio lar, um novo útero, tendo unidade apenas psicológica e com um número limitado de pessoas, tempo fragmentado, até mesmo pelos frames das piscadas dos olhos, realidade múltipla e poli-dimensional, nutrição a ser buscada constantemente. incerteza e insegurança, amor humano e falho, sons, conflitos, e etc, PODERIA O HOMEM SER EDUCADO A NÃO TER FALTA DE DEUS, comprendendo para isso qual a sua real necessidade, e que ela NUNCA será satisfeita?
 Este é o tema de Bebê.
 Pretensiosíssimo, já que eu sou leigo em todos os assuntos sobre o qual estou escrevendo, mas não pretendo estar certo. Apenas quero compreender melhor minha vida, permitir que outros o façam junto comigo, e talvez deixar mais uma pista da reposta correta.
 Vocês são meus convidados.
 Mundofeliz pra quem quer...

Diferenças

As pessoas tem medo da Inteligência Artificial , e eu da Ignorâcia Natural.

sábado, 18 de julho de 2015

Querer ver

Quer ver , né?
Eu também.
Quero ver o outro lado de estar vivo.
E se não ver, não vi.
Mas também não mostrarei o que vi aqui.
Ainda que vejam tudo que pus o olhar.
Se eu não ver o outro lado de estar vivo.
Também o meu lado não saberão.

terça-feira, 14 de julho de 2015

O pisão e o revólver

Pisam no seu pé. Você espera que a pessoa tire o pé. A pessoa tira um revólver. Você diz que a pessoa está duplamente errada. Ela concorda. E então,  para sua loucura, ela dá um tiro no pé. Só que o seu pé ainda está lá embaixo do pé dela. E você não é um super humano. Todos gritam. Você grita e enlouquece. Para sempre. O cara do pisão?  Some pelo beco, e depois de alguns anos dá um tiro na cabeça. É claro que alguma alma caridosa te faz saber, depois.  Que sentido tem isso? Era um louco, depois muitos, depois dois, agora novamente um.
Aí você compra uma arma ...
E ESPERA ALGUÉM PISAR NO SEU PÉ...
Mas tem piores.
Alguns compram, do mesmo modo um revólver, mas saem para pisar no pé de alguém.

domingo, 12 de julho de 2015

lOUCO

mE CHAMAM lOUCO.
rESPONDO QUE SOU RICO, LOGO NÃO SOU LOUCO,
 SOU EXCÊNTRICO.
rETRUCAM QUE NÃO TENHO DINHEIRO, VÊ-SE PELAS ROUPAS DE TAMANHO ERRADO, PROVAVELMENTE DE BRECHÓ.
dIGO QUE SÃO MESMO DE BRECHÓ, E GANHAS ATÉ. qUE MUITOS TAMBÉM ME CHAMAM ASSIM, lOUCO.
mAS NÃO É ENGRAÇADO?
vOCÊS ACHAM QUE RIQUEZA É TER DINHEIRO. e QUE EXCÊNTRICOS TEM MUITO DINHEIRO.
eXCÊNTRICOS SÃO RICOS POR TEREM VIDA DEMAIS PRA  DEIXÁ-LA RODANDO EM VOLTA DE DINHEIRO OU QUALQUER COISA QUE SEJA.
vOCÊ NÃO PODE COLOCAR NADA NO CENTRO DA VIDA DE UM EXCÊNTRICO.
 nÃO TEM CENTRO...
pOR ISSO SER CONFUNDIDO COM LOUCURA, POR AQUELES QUE DEIXAM AS COISAS SEREM O CENTRO DE SUAS VIDAS.
aMOR. cARREIRA. rELIGIÃO. dINHEIRO, ATÉ.
aQUELES QUE PENSAM QUE TEM CENTRO, OU ATÉ ACHAM QUE SÃO O CENTRO, ESSES, SIM. sÃO LOUCOS.
 gIRANDO EM TORNO DE NADA. iNDO PRA LUGAR NENHUM.
cHUPANDO O DEDO NO ÚTERO IMAGIÁRIO, JÁ MAIOR QUE A PRÓPRIA MÃE PERFEITA, AUSENTE POR INEXISTÊNCIA.  PENSAM QUE NUNCA NASCERÃO DE FATO.
e TALVEZ NUNCA MESMO, POIS NÃO OLHAM PARA FORA DE SUA PRÓTESE, ALOCADA ONDE FICA O MEMBRO FANTASMA DO CORDÃO UMBILICAL  E DA MÃE ABANDONADA, AGORA IMPERFEITA E DESPREZADA, MAS REAL.
tALVEZ  ABORTEM E DESAPAREÇAM NO ÚTERO IMAGINÁRIO, ANTES DE SEREM EXPULSOS, MORTOS PELA PRÓTESE IMPLACÁVEL . dALI NINGUÉM NASCE SE NÃO QUISER.
tORNADOS, POR COMPAIXÃO, NOVAMENTE EM NADA, SE VÃO.
e ME CHAMAM LOUCO... oS  "sÃOS".
e EU , QUE NÃO TENHO NADA NO CENTRO, NEM DINHEIRO. sIGO RICO!!!
e NÃO TER NADA NO CENTRO , E NEM MESMO CENTRO, É A MAIOR PARTE DA MINHA RIQUEZA.
 eSTÁ ALI E AQUI, MISTURADO A TUDO, PARECENDO COM NADA.
nADA NO CENTRO.
nADA.
sOU RICO!!!
e, SEM DÚVIDA NENHUMA,
SOU EXCÊNTRICO.

..."sãos"...

Cabelo

Finalmete, após 11 anos, meu cabelo cobriu minhas 33 vértebras. Demourou, mas valeu a pena. Amo meu cabelinho! agora posso aparar as pontas e manter desse tamanho pra sempre. Mundofeliz!!! :D

sábado, 11 de julho de 2015

TUDO BEM COM VOCÊ, ASTRONAUTA?

Sim, como a todos que aqui no Fonseca estão.
 Fonsekistão...

O deus membro fantasma do útero materno.

Deus é um membro fantasma do cordão umbilical e do útero (e da mãe) , somado ás memórias dos primeiros estímulos sensoriais e mentais.

Bebê

 A Origem.
Era escuro, e molhado, e morno, e calmo, aquilo tudo que achava ser ele. Estava ligado pelo meio, acima da extremidade inferior, com relação ao seu próprio centro, e abaixo do lugar de maior atividade, mas a ligação era longa e flexível e não o incomodava, antes o mantinha ancorado ao universo , e o nutria também. Não enxergava, ouvia mal, sentia pouco. Mas em todo momento sentia a pulsação que acompanhava o som de batidas quase sicronizadas. A ligação pulsava.
O líquido entrava por todos os lugares da cabeça. Era estranho o gosto e pegajoso o toque contínuo no flutuar nele.
Havia, em parte do tempo, uma luz que vinha da direção dos sons confusos e mais distantes.
Sentia com a mente, também. Era amado, cuidado, havia pouca variação de humor, como se o universo emocional respeitasse e preservasse as emoções suas.
O tempo era dividido em sentir e imaginar, e sentir e sonhar. E tudo era calmo, pois não acontecia o perigo, que sequer conhecia, e nem tampouco o abandono. Sentia-se observado e cuidado todo tempo.
 Na maior parte do tempo, era só se mexer e vinha de imediato a resposta.  Por sobre aquela parede flexível que o encobria por todos os lados. Raramente conseguia tocá-la quando esticava as extremidades. Nestes momentos ouvia sons de fora (agora já sabia que havia lá fora), sons agradáveis,  sentia alegria. E que alguma coisa tocava aquela parede com extremidades como as suas, só que gigantescas, podia sentir sua pressão fora da parede, leve e segura.
 Quando não havia resposta, imaginava que o universo, assim como ele, dormia e sonhava. Mas estava imerso no universo, este não o feria enquanto dormia, nem o abandonava.
Nunca havia fome, nem dor, nem frio ou calor extremo. E sempre havia o toque do universo em seu limite externo. Sua pele.
 O tempo era longo mas ininterrupto, pois muito pouco mudava entre as piscadas e os movimentos dos olhos. Toda mudança era percebida principalmente pelo sentir da mente. Pois todo o resto era aparentemente mais difícil de controlar. E nunca era necessário esforço para controlar a mente, até então.
Numa dessas sessões de tempo em que o universo estava acordado, teve sua primeira experiência com o perigo. Foi uma sensação de preparo. Subconsciente, mais rápida que tudo que já havia pensado. E em seguida os sons externos ficaram ainda mais confusos, enquanto que as batidas aceleravam e a temperatura diminuía lentamente. Senttia agora todo  o universo tremer fora. Tudo parecia terrível e havia estampidos e explosões, juntamente com luzes fortíssimas. E de repente tudo se aquietou de novo. A temperatura voltou a subir e o universo parou de tremer. A sensação de frio preparo parou, e aquela que seniu depois, que era o medo também. Voltou a se sentir bem.
Foi a primeira vez, talvez  pelo movimento,
que sentiu um ligeiro incômodo no cordão que o ligava, e assim o percebeu melhor. Era a parte mais longa do seu corpo, e se estendia até os confins do universo interno.Talves até a parede!
 Com a calma e o passar do incômodo, percebeu que o universo dormiu. Teve sono e ainda enquanto se perguntava o que teria acontecido no universo exterior, adormeceu.
 Passou a dormir mais tempo, para sonhar mais. Com o que sonhava ainda não sabemos.
 Os tempo então passou mais rápido, e sem perceber, chegou até o momento do seu nascimento.
 Que coisa terrível era aquilo. Tudo estava mudando. A temperatura, e o humor do universo. Parecia que o universo iria se acabar. Se contorcia e se comprimia sobre ele. Sentiu muito medo. Via luzes e sons parecidos com os de sempre, mas não as reconhecia. O som do universo gritava, enquanto sentia extremidades anteriores de outra pessoa empurrando. Uma pessoa maior universo!
 O líquido que cobria sua pele estava indo-se, tudo ficando apertado, empurrado pelo universo, para a parede externa! Sentiu que o substrato abaixo do piso ia se abrindo,  e que na verdade era uma passagem, mas para onde? Sem poder evitar, e já desejando sair daquela situação , fosse para onde estivesse indo, escorregou os ombros pela abertura, sendo recebido por algo  que não tinha cor,
parecia branco, mas não era. Sentiu da luz morna. Era frio. Nunca havia sentido frio antes.
Uma daquelas coisas sem cor, que tinham extremidades iguais as suas, que sentia , mas não enxergava direito, o pegava pelos calcanhares . Sentiu uma das extremidades do sem cor bater no seu traseiro. Também nunca havia apanhado. Chorou.
Sentiu seu interior e seus olhos queimarem, e percebeu que nunca enxergou direito, Era tudo embaçado. E que ao aspirar tudo agora queimava e era seco. E sentiu cheiros.
Assustado e sentindo coisas que nunca sentira antes,  teve sua ligação com o universo cortada friamente, e após passar por uma rápida limpeza , foi envolvido num pano e colocado nos braços de sua mãe, que também não sabia o que era, mas que se parecia com os sem cor, apenas era , em sua maior parte , branca.
 E foi também nesse momento que teve sua primeira experiência externa de reconhecimento,


O colo.
 O lugar era branco. Seco como o ambiente. Sua garganta e pulmões ainda queimava. Não flutuava, como antes, pois algo o puxava de encontro aquele substrato branco. Não ouvia bem, os sons pareciam altíssimos e totalmente diferentes. Não havia mais gritos, senão o seu choro. Sentiu aquele ser puxar o tecido seco que puxava o substrato, e foi então que e teve o primeiro contato com um seio.
 Sentiu que a textura daquela superfície era maravilhosa, e tinha um cheiro perfeito. A coisa esfregou a extremidade daquela bolsa de pele macia em sua boca. Encaixou. Quanod tocou sua língua pela primera vez, o reflexo o fez puxá-la para trás, criando um vácua entre o bico do seio e ela. Sugou. E veio então a melhor sensação do dia. Dali vertia vida ao ser sugado! Sugou como se não houvesse amanhã. Que sabor maravilhoso! Que sensações incríveis, vindas de tantos lugares que ele  nem sabia que possuia internamente! Seria ele mesmo maior por dentro que por fora?
Enquanto sugava aquela delícia se acalmava. Seus ouvidos se adaptavam aos sons. E então começoua a reconhever a voz que vinha do alto daquela superfície branca. Era a voz do universo!
 Sem parar de sugar, verteu uma lágrima e um pequeno soluço de alívio e felicidade. Reconheceu também a voz mais fraca do universo, mas igualmente gentil, que era a voz de seu pai, ainda que não soubesse, e que esteve o maior tempo possível com sua mãe durante a gravidez, e finalmente agora no parto.
 Para o bebê, eram todas as vozes, vozes do útero, o "universo". E todas as coisas eram uma só. Unidas a ele pelo cordão umbilical, "a ligação".
 Como para os homens das cavernas nos primeiros tempos humanos. Desenhavam na parede. Feriam o inimigo desenhado, que eram a comida e os predadores. E assim, pensavam que teriam melhor caça e até matariam seus concorrentes naturais.
 Monistas, pois tudo era uma coisa só. Como bebês no útero.
 Este foi o princípio da superstição humana: A ignorância da realidade, somada a imaginação infantil e o desejo de retorno a um ambiente seguro, escuro mas com luz confortável, de sons e imagens mais simples e óbvias. A nutrição fácil, a falta de esforço, o tempo infinito para o passado, e ininterrupto para o futuro. As vozes do universo sempre gentis e suaves.  Um bom agora e longo agora.
 Mas agora tudo havia mudado.

O berçário.

Acordou numa superfície menos macia que aquela que vertia vida. Fora despertado pelo som do choro de outros bebês. Ele não podia vê-los nem tocá-los, apenas suas vozes estridentes. Aquelas vozes o faziam se lembrar do parto, então também chorou.
Logo veio a enfermeira que gentilmente o pegou e o levou para o quarto de sua mãe. Ao ouvir sua voz, seu coraçãozinho disparou, e sentiu também uma sensação estranha por dentro. Também não sabia o que era. Era a primeira vez que a sentia. E era horrível, piorando a cada segundo. E chorou novamnete.
-Ele deve estar com fome, mãe.- disse a enfermeira gentil- Dormiu bastante!
A mãe tinha a voz consada;
 Meu filhinho Bentinho!- Disse colocando o seio em sua boca- Filhinho amado da mamãe!

                                                                                                       
               




































































































































































































































































































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continua.                                                                                  

sábado, 4 de julho de 2015

NADA!

Tem momentos na vida que se você se esquece que está nadando,
Começa a pensar que está se afogando e pára.
E então morre.
Então, NADA!

Persistência

Um dia vou deixar tudo isso pra trás,
O cômodo mofado e sem lage,
O assobio do guarda na esquina e do maldito passarinheiro atrás da casa.
O barulho dos caminhões e ônibus dentro do quintal do vizinho,
E a igreja evangélica sem proteção acústica.
Entrando pela janela do banheiro.
O avião passando dentro de casa.
A casa noturna de pagode.
O vizinho que tortura sem piedade,
 Mas dá bom dia, na maior cara de pau.
A voz do ódio destilando veneno enquanto faz as unhas.
A impossibilidade de fugir desse inferno todo.
Volta a furadeira a atrapalhar meu poema.
Não parece lógico que uma furadeira as 8:00 da manhã de sábado na janela do vizinho é um mau feito?
As vezes cabelos brancos não dão nenhuma sabedoria.
E ter família nenhuma responsabilidade.
O outro é que tem que se controlar.
De que adianta o santinho no quintal, e o inferno na vida alheia?

A pobreza vai ficar pra trás,
A tristeza de saber para quem a minha música escapa pelas paredes finas quando dou o melhor de mim,
Prefiro não tocar, quando não preciso.
A dor dos gritos nas crises.
Aqui não há  santos.
Saber que me ouvem passar mal, e vibram.
Também sou tentado a comemorar suas infelicidades, prefiro não fazê-lo.
Me entristeço.
Concentro-me.
Tenho planos.
Me fortaleço.
Me alimento bem e não bebo.
Aprendo a lidar com as crises e a alcançar ajuda ,
Até do governo!
Já que a família me deu as costas.
E sigo em frente com minha amada.
Testemunha fiel do que escrevo.
Companheira infatigável na luta pelo sonho que se inicia na sobrevivência.
Um dia vou esquecer o número 955 da Alameda São Boaventura.
Não vou levar nenhuma mágoa.
Deixarei tudo aqui, nessas palavras.

 Partida.

Partirei com minha amada.
Este lugar não é meu.
Aqui não tem lei...
Um dia isso também ficará para trás.
Disso eu sei.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Tal qual

Glória ao nada e a tudo que o mereça, tal qual.

domingo, 28 de junho de 2015

Eu não devia estar feliz.

Eu não devia estar feliz.
Tenho quarenta anos e não tenho nem metade do que o meu pai tinha na minha idade.
Não tenho filhos, mas luto.
Minha fama e meu sucesso são controvérsia, duvida,
Semente que, se tiver sorte, virá temporã.
Trago no peito um amor que já nasceu maduro,
Com pressa de aproveitar o fim da estação, antes que seja tarde,
E venha o frio, e toda a paisagem fique impossível para o crescimento rápido, mas vulnerável, dos primeiros anos.
A água já é pouca.
Todos os outros, já encascados e sem folhas, se preparam para hibernar.
Mas eu, de folhas amareladas, em tronco ainda verde, estendo minhas mãos frágeis ao céu congelante.
Se esses brotos não crescerem logo,
E  as folhas caírem antes de se formarem os novos nós...
Nem folhas novas,
Nem flor cheirosa.
Fruto nunca,
Ao invés de 200 anos,
Dois.
Não tenho metade de minha família.
Não vejo a  metade que sobrou.
Novamente me fui dos amigos.
Confusos sempre me deixam ir.
Ele é assim mesmo.
Gostava de cães,
Agora, amo gatos.
Vivia além.
Me atenho a fatos.
Andava descalço e de cabelos soltos e despenteados.
Me aqueço em capa, sob o chapéu me assombro,
E também me têm os pés cativos, azuis sapatos.
Cicatrizes no rosto.
Manchas no nariz.
Cabelos nos ouvidos.
Fios  brancos nas barbas.
Mais que trocados nos  bolsos!
A pele que, sem o sol, perde o matiz.
O pulmão que chia.
As mãos que tremem.
O fogo que apaga.
A memória que falha.
E até que o nexo disso tudo,
Que nesse exato momento,
Novamete me arremessa no relento,
Ficando transparente até quase desaparecer por completo.
E me trazer do gelo da espera,
Ao fio da entrega,
Ao momento ofegante e quase sufocante da apnéia expontânea e eterna do triz!!!
E eu paro e me percebo ali.
De novo.
Fascinado pela emoção.
Sorrido  antes do resultado.
Tão tolo.
Tão assim.
Vôo da perdiz.
Não.
Eu preciso voltar ao solo antes de voar.
É temporada de caça, e eu não sou caçador.
Eu não devia estar tão feliz.
Eu não devia nem estar feliz.
Eu não devia.
Mesmo.
Mas estou.