sexta-feira, 16 de abril de 2010

Onde está o poeta?

Onde está o poeta que falava coisas que não se etendem?
Que bebia até cair no chão?
Que rosnava e uivava e até latia?
Que cantava o amor mas vivia só?
Que expressava o horror de pensar só?
Que nos fazia pensar no que não se pensa?
Nos atirando palavras como uma metralhadora giratória?
Nos fazendo pasmar ante tanta dor em oratória?
Que se drogava na frente de todos?
E se masturbava em praça pública?
Masturbando juntamente nosso medo, orgulho e imaginação?
Onde esta aquele que falava abertamente nos tabus?
Que se entregava como banquete aos urubus?
Que sangrava para convencer?
Para se conhecer?
Para se sentir?
E assim, em protesto ao consumo, se fazia consumir?
E alguém me diz:
-Ele se acabou, se entregou, chegou ao fim.
Mas eu o sinto, e assim pressinto,
Que tal poeta, não morrerá jamais!
Pois sei que ele viverá para sempre,
No coração de quem tocou com palavras, gestos e vida.
Sim! O poeta viverá,
Para sempre em sua arte
E também em mim!

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