O passageiro pega um trem,
O caminhante toma um caminho.
O passageiro acompanhado,
O caminhante, quase sempre sozinho.
Enquanto um vai sentado,
O outro anda, tranquilo.
Um, pode ir pro lado errado,
O outro, só pode seguir os trilhos.
Pois se muda a rota da caminhada
A qualquer hora.
Mas o trilho a se seguir,
Só se muda pelo lado de fora.
Um cão aparece na estrada do caminhante.
Ele é velho e cansado,
Já quase não vai avante,
Mas ainda assim, abana o rabo
Para o amigo passante.
Que pára, se abaixa, esquece o caminho
por um instante.
O cão não é seu, talvez de ninguém,
Pertence a si, isso é importante!
Afaga-o, divide com ele alimento, e se separam logo adiante.
O caminhante vai sorrindo,
E o cão, alegre latindo,
Fica próximo de onde estava, com o rabo sacudindo.
Já o passageiro, segue com ar preocupado.
Não, não há perigo nem tampouco está atrasado.
Apenas que também tem um amigo,
Mas este não está do seu lado.
Come sozinho, andando sentado.
O trem o sacudindo.
Movendo-se, mas parado.
Seu cão de pedigree, vai num vagão separado.
Como disse, sem perigo.
Seu amigo está bem guardado.
Tem água, comida e cobertor,
Apenas o lugar é meio abafado.
Mas como não é a primeira vez, vai dormindo sossegado.
Sabe que daqui a pouco termina a viagem,
E que junto com a bagagem,
Daqui a mais um instante, também será carregado, de volta ao amigão, e tudo terá passado.
(Gratidão!) Vai passageiro e cão,
Cada um após seu vagão!
Vai, ó passageiro! Olhando pela janela!
Vai, ó caminhante! Que vista bela! Que vista bela!
E quando as duas estradas se cruzam,
E se vêem nossos heróis,
Imaginam as vidas daqueles
Que estão nos lados opostos daqueles limites metálicos,
E momentaneamente intransponíveis!
E juntos, de repente, vêem um passarinho,
Alto, lá na ponta do galho de uma árvore, além do cruzamento,
E num átimo de segundo, se olham de novo nos olhos.
E só o caminhante sorri.
Mas em seguida gritam como meninos ao mesmo tempo:
"Eia!!! Prisioneiro!!!"
"Eia!!! Caminha o dia inteiro! "
Pois ambos sabem que não há nada ali,
No trem, ou no meio do caminho.
O trem segue.
O caminhante segue.
Mas enquanto aquele volta a pensar no seu cão.
Este, que sai do caminho,
Segue atrás do passarinho,
Quem sabe, perto do ninho,
Não encontre para si,
Uma pena para o seu chapéu?
E nem pensa na diferença.
Que o passageiro não pôde seguir o passarinho nem com os olhos.
(O trem fez uma curva pro lado errado no cruzamento)
Mas, pela sua decisão chegará no horário a estação. (Ele e seu cão)
Terão outra refeição e, sérios, não dormirão ao léu.
O caminhante fará sua cama no chão.
Chapéu enfeitado.
Barriga vazia.
Sem cão.
Sem caminho.
(Mas isso se faz...)
Dorme.
Sorrindo,
Sob o olhar atento das estrelas.
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