segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

cAMINHO DAS PEDRAS

Eles ensinam o caminho das pedras, mas não mencionam que as pedras não queriam fazer parte do caminho em que foram sequestradas, pra cobrir nossas estradas.
E não recordam do ruído estrondoso da explosão do nitrato de potássio com enxofre e carvão.
E como as pedras se explodiam, e em pedaços, marteladas, se tornavam em peças imperfeitas com formatos imprecisos como nossas ilusões.
Encaixadas como quebra-cabeças, não mencionam, enquanto deitadas, as cabeças, mãos e corações que se tornaram em pedras, para sua construção.
Nas encostas, as feridas clamam, abertas, pelas sua entranhas explodidas. E enviam espectros e sons como lamentos e uivos fantasmagóricos pelos caminhos, que formados por suas partes, ao mesmo tempo que a espalhavam muito além da estática posição natural, sua marca na realidade, sua composição molecular no tempo e no espaço. Também levavam seus filhos tornados em pó, brita e paralepípedos.
 Muitos que acabarão soterrados ou amalgamados, e sepultados sob o acabamento aparente , massa e tinta.
Os corações e mentes, tornados em pedras, fizeram pontes, mas muito mais que isto fizeram muros, muralhas, barreiras para água, para animais, e para os próprios humanos que os constroem. Para que os muros, frios e que não respeitam emoções ou necessidades que sejam alheias ao desejo de seus amos e senhores, ditem por onde e até onde podem ir.
 Também se tornou necessário, e alvo de admiração, que alguns que vivem ás margens dos caminhos das pedras, que tomassem daquilo que restara de suas mãos , mentes e corações, e tornasse em ornamento para as paredes, muros, e até mesmo muralhas. Porque não é , e nunca será suficiente, ou mesmo admitido como presente, nunca sendo mencionado, o som das batidas, máquinas, rodas, animais, pólvora e dinamite em explosões quase vulcânicas, que permanecem e ecoam na pedras dos caminhos de todos os lugares dizendo :
-NÃO! NÃO! MIL VEZES NÃO!  ESTE NÃO É O CAMINHO DAS PEDRAS!
Não é o caminho das pedras, o subir apenas em explosões artificiais, ou como combustível para os foguetes!
 Não é o caminho das pedras aceitar apenas a queda, o ser atirado ou empilhado, o chute e até mesmo o duro, porém necessário golpe do cinzel. ( Ao menos aí o coração de pedra fica na pedra, que se torna quase humana, com vida quase que valorizada, já que o preço mostra que ainda não se conhece seu valor absolutamente inegociável, como síntese da perfeita interação do homem com a pedra, não para desfigurá-la, mas para torná-la semelhante a si, e mais próxima da compreensão de nossa própria natureza. Esculpe-se a si mesmo, o humano, naquilo que se esculpe. Na escultura.)
O caminho das pedras é para o alto! Através de milhares e milhões de anos, se apoiando no magma que nada mais é que as próprias pedras em calor, pureza , pressão, dança e ebulição! AMOR! O caminho das pedras é erguer ilhas nos oceanos! E colunas de gases maiores que qualquer estrutura que já erguemos com elas! Sua poeira vai do saara à américa! Das camadas mais altas, até as cidades que jazerão cobertas de chuvas de cinzas! Até mesmo deixando-nos como estátuas naturais inertes, em cidades inteiras de cadáveres mumificados em pedra, e cabeças explodidas, como em Pompéia e suas cidades vizinhas jazeram sob o Vesúvio. O caminho das pedras, às vezes, é incandescente e implacável.
O caminho das pedras é viajar ao redor de estrelas, em órbitas longínquas, ou como cometas que sonhamos tocar com as mãos, mas que nos fogem. Sendo apenas alcançados por nossos satélites artificiais e comandados por bolts, bits e controles remotos. Imaginamos viagens de ida ou de volta nessas maravilhosas naves de pedras e gelo. Choramos quando explodem em seus periélios.
 E suspiramos com nossos corações de pedra, sobre esta pedra dourada, vermelha, negra. coberta de verde e de azul em diferentes densidades. Banhada pelo verde-lilás de seus próprios gases ionizados, que fosforescem em contacto com as ondas gravitacionais e raios cósmicos nas Auroras Boreal e Austral. As auras kirliangráficas de nossa maravilhosa e multicolorida pedra planeta Terra.
Brilhar assim também se torna. então, o caminho das pedras.
Mudar o  nível das marés, é o caminho da Lua, também feita de pedra.
Fazer que você faça desejos, é o caminho dos meteoritos, nossos lasers dos olhos divinos, raios de terror e anseio,   na história das espécies e dos inocentes pedidos adolescentes. Pedras conhecidas como estrelas cadentes. Mas ainda, pedras, em seus caminhos.
Eles ensinam os seus próprios caminhos feitos de pedra, como se fossem os caminhos das pedras.
Não!
Ouçam as pedras!
E que elas possam ensinar a cada um, não os caminhos que estão além de nossa compreensão, pois somos pedras moles, moldados por batias secas da água dura. Pura.
Devemos ouvir o eco das pedras, em nossos caminhos, muros , muralhas e pontes, e principalmente nas esculturas de pedra. No solo, na Lua, no Cérebro.
Para que possamos aprender nossos próprios caminhos, através do espaço e do tempo, conhecido por ter comido pedras e vomitado filhos, em nossas memórias.
. Para que um dia possamos entender nossa parte em toda essa beleza real, que não se parece em nada com nossa egocêntrica e desfocada estética humana.
A beleza natural das pedras. A natureza pulsante dos caminhos de tudo que existe. Das pedras, também.
E isso ninguém sabe, só as pedras, portanto, ninguém mais nos ensina.
Com as pedras aprendamos, enquanto é o tempo das pedras.
E enquanto elas não se cansam de nos carregar.

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