Ó piolho sem cabeça,
Com cabeça pensaria?
Com a cabeça que tinha
Ou com a que lhe servia.
Pois o corpo sem cabeça,
Como se alimentaria?
Será que outro ser
Outra cabeça lhe emprestaria?
Como mastigar, morder , sorver,
Sem tamanho aparato?
Sem cabeça, nem ao menos
Teria ele um barato.
Piolho no pensamento,
Mesmo um tanto abstrato,
Permanece piolho
Sem cabeça , sem substrato.
E o amor? Feneceu?
Sem a cabeça dos dois, morreu?
Sem cabeças estavam,
Ou era um sem eu?
O piolho tinha pulmão?
Era pulmão?
Ou era só coração?
E o outro sem cabeça, quem seria então?
Quem era o desconhecido
Que a cabeça dava?
E o piolho deu também
Á cabeça a cabeçada?
A cabeça era tosada
Ou o piolho coisa que valha?
E o que sabe desses dois,
Esse um que agora voz fala?
"È que o piolho sem cabeça
Haveria assim ficado
Por um amor do passado
E o fio de uma navalha."
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