A delda chorava no ponto.
Quanto ganhava, nem te conto.
Bolsa de comida , nota de dez conto.
O ônibus vinha, o freguês esperava outro.
"Mas minha filha, qual seu problema?"
"Não serve um vale desconto?"
"Não, senhor gentil, olha vou pra outro ponto."
A camisa molhada de lágrimas,
Chorava por atenção, condução, prestação...
Receita de remédio, vale deficiente
em cartão.
O que precisasse mostrar,
Vinha em suas mãos.
Levava tudo pra casa ,
a dividir com os irmãos.
O lugar que não era de rico,
Nem parecia a mansão,
Que outro dia uma chuva
Quase deixou no chão.
Mas era o lar,
O teto, de improviso ou não.
Que a fazia voltar para o ponto.
Pelo sim e pelo não.
A delda, que já mancava
Por imitar a profissão,
Não se sabe pra onde foi.
Cadeia, igreja ou caixão.
Nem sei se usava nada.
ou só mentia aos irmãos.
Que pra matar a fome,
Isso nem é tentação.
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