sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A volta ao mundo em um sonho.


(Os verdadeiros. pastel oleoso sobre canson)
     Andou pela rua até chegar a locadora, aquele meu velho amigo , que me contava seus sonhos. Escolheu um filme famoso e pagou com uma nota de dez. Recebeu uma de vinte. Espere! Uma de vinte? "Mas ela me deu o troco errado". Mas não devolveu. colocou no bolso e foi andando.
      Como se lhe sobrasse agora dinheiro foi ao mercado municipal. E começou a andar pelas vielas cheias de comércio. e a olhar os preços e passear por lá. Percebeu que não queria nada, só andar e ver as pessoas. Mas elas também percebiam que estavam sendo vistas.O mercado era muito cheio.
     Entrou num beco que descia , não soube no momento exatamente por que, mas continuou descendo degraus, até que percebeu que não via mais a porta acima , que a luz enfraquecia , mas não podia voltar e que tinha mais gente ali , mas não podia vê-los e que tudo queria somente lhe fazer sentir medo ali. Sentiu que só estava, mas não era mais dos que correm ou batem há muito tempo. olhou para a parede e viu por dentro dela um fio elétrico, via sua eletricidade branca e via que ela ia pra dentro das escadas, rumo a escuridão. Colocou a mão no fio e foi-se.
       Numa velocidade espantosa se movia junto com a energia. e agora podia ver pela luz que irradiava os moradores daquele porão. Eram calvos , talvez por não tomar sol nas cabeças, pois viviam na escuridão, e eram narigudos e com grandes olhos , mas que não enxergavam , e sim iluminavam. Não caminhavam, dançavam. Não competiam , brincavam. Tinham, alguns, bigodes estranhos e outros, dentes de ouro, mas lembra-se que seus olhares eram puros , embora às vezes maldosos, e na sua impressão infantis, embora exprimissem toda sabedoria do mundo, considerou-os amigos e sentiu o mesmo. Seguiam brincando enquanto passava. Com sua calças riscadas e sapatos grandes. A energia fez um curva no espaço e de repente começou a subir, passara até o chão a dentro e agora ia chão a fora, viu uma pouca luz na porta novamente e, ao se aproximar, saiu num cemitério.
       Isso mesmo , num cemitério escuro e frio. e sem nenhuma estrela no céu. Aproximou-se dele um homem negro de terno branco,  com um chapéu branco na cabeça, do outro lado uma mulher se chegou . Tinha belas roupas vermelha e negras , como as damas perfeitas dos cabarés antigos do faroeste. E pela frente, se aproximou um sujeito com muitas armas de fogo( como metralhadoras M60), como se fosse um daqueles super heróis de guerra dos filmes de Hollywood, eles perguntaram a ele o que queria ali. E ele disse , "eu quero passar". Olharam uns para os outros e disseram . Se ele não quer guerra e só quer passar, é justo que ele passe. E deixaram-no fazendo reverências. Continuou em frente agora sem linha nenhuma em que segurasse, e entrou na porta que estava a frente , embora não fosse um porta de saída , mas de entrada e que apontava novamente pra um corredor, saiu de novo dentro do mercado municipal.
      No mercado, quis comprar um cigarro no boteco e foi atendido, mas ao tentar pagar percebeu que havia perdido o dinheiro. Por sorte alguém do mercado agora gostava dele. Devia ser amigo dos senhores do porão, ou do cemitério. Pagou os seis cigarros e ainda lhe deu mais dez reis.
     Saiu do mercado, pois continuava cada vez mais cheio, e passou na locadora de volta. Falou com a atendente e lhe devolveu o filme, sem assistir, o que ela estranhou , mas não perguntou porque. Lhe deu também os dez que ganhou, pra quitar o troco errado(o que ficou plenamente entendido pelos dois sem uma palavra). E foi pra casa. E acordou.
      Perguntei pra ele, quando me contou, por ele ele não quis ver o filme. Ele disse que não queria desinteirar o troco , mesmo que pudesse pagar na volta. E que depois , acabou se lembrando de já ter visto aquele filme...
   Cara engraçado...


Para Thatiane Peclad Goulart.

2 comentários:

  1. essa crônica é sobre um sonho que um amigo me contou , há uns dez anos atrás...
    dediquei a minha amiga a quem contei isso há uns poucos cinco anos. bjo Tahti!!!

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  2. Querido, obrigada pela dedicatória! Eu lembro de qdo vc me contou... e faz tempo mesmo! Adorei, que bom que vc escreveu! Beijão meu amigo!

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