sábado, 2 de abril de 2016

A PESO DA POESIA

A poesia, é o item flutuante mais pesado que há.
 E o poeta, nela agarrado, pendurado, içado, voa.
 Quem vislumbra um átimo do tamanho na nave e sua altitude de voo, pragueja dizendo:
"Estás alto demais! Vais cair!!!"

 Mas vai o poeta voando.
 Rindo ou chorando.
 Subindo ou descendo.
 Mas nunca , nunca caindo.
 Pois não se lança de sua nave, mesmo aterrorizado ou fascinadamente absorvido de êxtase.
 Suas mão ficam presas as amarras voluntárias de seu estranho veículo pairador, como as do guerreiro ficam presas a espada, quando nela este confia sua vida.
 E se sobe até sumir, dizem:
 "Morreu! Lá não tem ar... é o espaço final."

 Não sabem que a poesia é feita de ar.
 Que daquilo que verte do seu interior, alimenta aquele que a ela admira.
 E nela o poeta viaja, come enquanto respira.
 E como é viva, a poesia.
 Bebe o poeta, daquilo que ela transpira.
 Água pura, Comida verdadeira, ar de frescor sem igual.

 E lá vai o poeta , para além da Aurora Austral.
 E quando volta? Ele volta?
 Sim, como um cometa.
 Ao ver seu sinal no céu, todos tremem.
 Confundem-no com cristo.
 Chamam-no de capeta. E dizem:
"Está caindo! Está caindo o poeta!!!

 De longe não perceberam, que o poeta, enquanto se aproximava, ria:
 "Não é nenhum fim do mundo, calma!
 Só estou me aproximando, direi um "oi", e continuarei viajando.
 Para quê tanta correria?
 Parece que não me conhecem. Que nunca me viram. Quem diria?"

 Parecem que ainda não sabem que seu riso só mostra uma causa.
 Ninguém jamais se feriu com o peso da poesia.
 Mas de suas próprias dores internas, ao percebê-la, sim, sofrem.
 De culpa, remorso ou nostalgia, se alimentam até que morrem.

 A poesia não cai, e não desce até que lhe doem sua chousa.
 E o poeta não caiu.
 O poeta pousa.

 "Oi!"

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