domingo, 29 de maio de 2016

A VIDA, FUDIDA E FELIZ , POR SI MESMA E OS HOMENS DE NADA

Lá está uma mulher que recostada sobre nada, se masturba.
Em sua testa está escrito VIDA
O nada que lhe apóia, nada lhe causa.
 Não tenta em vão invadir seu lugar.
Não pretende entrar onde já está.
Ele nada vê na mulher recostada,
Nada lhe excita em sua imagem e no seu ato.
Ela se masturba, levantando uma das pernas.
A outra repousa ao chão, apoiando a mão que se acaricia.
Ela se abre como um compasso,
Como se seduzisse a tudo,
Cercada por nada. (apesar de não estar sozinha)
Nada há em sua mente e tudo lhe excita.
Nada está a lhe penetrar, mas seus dedos,
Entre seus lábios e seu clitóris lhe massageiam a tudo.
O nada lhe absorve em êxtase
 Enquanto pode sentir a tudo.
 No momento em que o orgasmo lhe toma todo o corpo,
 Seu ânus relaxado pela ausência do medo se abre.
 Os líquidos que transbordam de sua vulva,
 O encharcam e contornam,
 Até lhe invadem, seus próprios gemidos.
 Ela não está só.
 Dois homens a assistem.
Um deles nu e com grandes seios, se masturba e ri.
 Outro coberto de panos e escondendo o rosto,
 E tapando o volume que teima em se formar entre suas pernas.
 Faz uma cara de horror, de olhos cerrados,
 Pelo som, e o cheiro e a vibração que sente.
 Mas não se afasta,
 E o outro, adora o que vê,
 Mas sem o convite, também não se aproxima.
 Ela não os chama.
 Ela não os percebe.
 Eles não estão nem aí, para ela.
 Ela goza.
 Ela geme e se abre para si mesma.
 A vida, freneticamente,
 Se toca.
 Se ama.
 Se satisfaz.
 Grita, revirando os olhos e jogando a cabeça para trás,
 Se apoiando em nada:
 -Tudo em mim e nada no meu cu!!!
 E nesse momento , ante o riso do saliente
 E o horror do casto.
 Pelo seu cu aberto, nada entra,
 Conectando-se com o nada que há em seu interior.
 Causando a explosão do nada oposto ao nada,
 Que com nada se parece.
 E ela morre.
 De nada.
 Simplesmente expira, num hiato indefinido.
 E termina de recostar em nada,
 Que lentamente leva seu ser e seu prazer além.
 O homem saliente pára de rir e se masturbar.
 Ele agora se veste lenta e solenemente,
 Cobrindo os seios e o pênis.
 O homem casto também pára de se horrorizar e abre os olhos,
 Soltando seu membro dentro da roupa, agora sem excitação,
 E abaixando a mão que cobria o rosto.
 Ambos se abaixam, dividem e devoram a mulher morta.
 Agora ,
 Não vida,
 Entregue ao nada.
 Devoram por último seu rosto,
 Sua expressão de êxtase final.
 E em sua testa, a vida.
 Limpam tudo.
 Cumprimentam-se e discutem no que podem melhorar.
 Vão até a porta,
E abrindo-a viram uma placa:
"Procura-se mulher para experiência de vida única e prazerosa,
       Onde tudo está em suas mãos e nada te acontecerá de contrário a isso,
                               mas apenas você se levará além."
(Na outra face da placa estava escrito:
 Saída pelo outro lado.
Experiência de Vida em curso)
 Apenas gemidos eram ouvidos do lado de fora,
 E o grito:
-Tudo em mim!!!
-Nada no meu cu!!!
E agora vinham os homem,
 E viravam a placa.
Algumas candidatas a "mulheres da vida" desistiam ruborizadas,
Outras furiosas deixavam o recinto ofendidas,
 Pisando duro e prometendo vingança.
 Mal a porta se fechava e uma das candidatas se levantava e virava a placa,
 Desaparecendo após a porta.
 Os homens serenos e equilibrados, lhe mostravam o canto onde nada havia.
 Em sua testa escrevem VIDA.
 Ela se recostava.
 A luz se apagava , e uma música começava a tocar.
Os homens se retiravam.
 Pouco a pouco, ela se sente a vontade,
 Agora que pensa estar só,
 Na companhia de nada.
 Ela começa a sentir muitas coisas.
 Ouve uma voz que diz baixinho:
-Tudo em você!
Ela se esquece de tudo.
Ela se despe até só restar sua nudez
E mais nada.
Ela é tudo, e tudo se toca.
Ela repete:
-Tudo em mim! (baixinho)
 E a medida que o diz mais alto ,
Ela não se lembra mais de nada.
Ela se entrega.
Os homens voltam silenciosamente,
Um deles está nu e sorrindo e tem seios...
 Ela ouve a voz baixa dizendo:
-Nada no seu cu.
Ela repete sem pensar em nada,
Sentindo tudo.
Seu ânus se abrindo,
Seu gozo se soltando:
-Nada no meu cu!
Sua voz se levanta.
Seu gritos são ouvidos pelo universo.
Nada lhe toca.
Os homens continuam sua estranha "Experiência de Vida"
Com mulheres que transformam em "Mulheres da Vida".
Eles pensam:
-Todas querem o mesmo.
-Nada querem no ânus, e tudo em si.
Eles se julgam úteis e se admitem com estranhas carências.
 E em seu estranho estabelecimento,
 Do lado de fora da porta externa,
 Outra placa balança ao vento:
HOMENS DE NADA PARA A VIDA.
 fim.






Nenhum comentário:

Postar um comentário