domingo, 14 de fevereiro de 2016

Confusão

Quando você me confunde com minhas doenças
                                                               e até parasitas
Confundo nós com laços
 Confundo você com eles
 Confundo esperança com suicídio
 Vida com presídio
  Cio com vazio
  Cedo com medo

  Licença
Vou ali olha para onde apontava seu dedo
Não
 Com isso nem me pareço
Esqueça
 Esse é meu mal
 Não eu
 Aqui essa pessoa nunca existiu
 Isso é imagem de uma crise
 Uma dor
 Que você deveria
 Mas não sentiu
 O grito
 Diferente do mito
 É sintoma
 De coração e cabeça
 Sem freio
 Não sabia?
 Não foi para isso que afinal veio?
 Por que o desamparo?
 Não foi tudo explicado antes?
 Limpo e claro?
 Papel e testemunha
 A fama e a alcunha
 Dizia em letras grandes
POBRE E DOENTE PARA CUIDAR, INTELIGENTE E BONITO.
 FORA ISSO , ÓTIMA PESSOA.
 Não era a pessoa que importava?
 Não enfrentou-se até o dragão?
 E agora que tens o reino, o poder e a glória,
                                       a princesa envelhecida e pesada quer jogar fora?
 Não sabichão
 Não desapareça
 Não me largue como um velho e preterido trono
                            a quem por um reino melhor e mais verde,
 Deixou no abandono

 Mataste um dragão
 E tomaste para si um reino
 Isso é sem dúvida.
 Mas de aviso de ante-mão
  Não importa o que aconteça
 Se encontra-se esta princesa
 Por aí pela rua,
 Talvez abusada, embriagada e semi nua
 Responderás aos magistrados
 Do povo serás odiado
 E te lembrarás do preço e do contrato
 E de quando trouxe todo teu aparato
                                               para esta região
 E terás pra sempre a pergunta
                                   no interior do crânio
 como uma dobradiça que range atacada numa porta:
 Não era melhor o dragão?
 Desprezei injustamente uma princesa?
 Pisei em um coração
 E agora , será que está morta?

 Confundi um doente com sua doença
 E lhe impus essa crença
                        que viver doente é ser vão
 Por que, ó raios, não o tratei como doente
                                               pensando que era outro sabichão?
 Porque é que vim de tão longe para tratar mal um louco monge?

 E no fim terás a resposta vinda do seu coração
 Só me lembro que ele me amava
 Em crise ou não
 Nada restando de um mito.
 Com choro, tremor e grito
 Gritava SOCORRO,  e não maldição
 Me oferecia perdão, conforto, carinho e sexo.
 Não me confundia com minha aflição
 Exceto que eu, eu meio a não querer ver
 O confundia com sua crise sem nexo

 Sim , hás admitir;
 Tudo estava a posto
 O louco, louco, e o sábio, sumia
 Como era do meu gosto
                    (e só eu não percebia)
Ele era minha mãe e meu pai,
meu filho e meu esposo.

 "Era feliz e não sabia?"
 -Sim,
 "Fui eu que fiz a confusão?"
 Fim



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